A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está avançando na busca por uma variedade de cupuaçu resistente à vassoura-de-bruxa. Em entrevista ao CB.Agro — programa realizado em parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta sexta-feira (24/1), a pesquisadora Lucília Helena Marcellino e a analista Loeni Ludke Falcão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, detalharam os avanços na pesquisa genética e molecular.
O foco principal do estudo é o combate ao fungo causador da vassoura-de-bruxa, um dos maiores desafios para a produção da fruta, típica da Amazônia. A praga está entre as doenças de maior impacto econômico na cacauicultura.
O projeto das pesquisadoras identificou um conjunto de genes possivelmente relacionado à resistência do cupuaçu. A doença conhecida como vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, é assim chamada devido ao aspecto que os ramos e folhas adquirem após a infecção.
Esse patógeno também é capaz de atingir outras culturas, como o cacau. Sem medidas de controle adequadas, a vassoura-de-bruxa pode devastar plantações inteiras de cupuaçu ou cacau, sendo uma das pragas mais ameaçadoras para essas culturas agrícolas.
Na mesa com os jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Roberto Fonseca, Lucília explicou que, inicialmente, havia pouco conhecimento sobre a genética molecular do cupuaçu. “Nós começamos a fazer os primeiros sequenciamentos com o fruto do cupuaçuzeiro. Naquela época, as sequências eram difíceis de se fazer porque a tecnologia não estava tão disponível”, afirmou.
Com o avanço das técnicas de RNA-Seq de última geração, foi possível estudar detalhadamente a interação entre o fungo e a planta, abrindo novas possibilidades de controle da doença.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Os dados obtidos com a pesquisa permitiram mapear o transcriptoma do cupuaçu, identificando genes que desempenham papéis importantes na resistência ou suscetibilidade ao fungo. “A gente estuda os RNAs produzidos no meristema das plantas suscetíveis e resistentes, desafiadas ou não com patógenos”, explicou Lucília. Essa análise é crucial para entender como o fungo afeta a planta e como as variedades mais resistentes podem ser selecionadas para cultivo.
*Estagiária sob supervisão de Rafaela Gonçalves
Discover more from FATONEWS
Subscribe to get the latest posts sent to your email.