População idosa deve mais que dobrar até 2070; gastos vão atingir R$ 30 trilhões em 75 anos
O rombo da Previdência deve se agravar drasticamente nas próximas décadas. As aposentadorias, benefícios e pensões representam uma das maiores ameaças às contas públicas brasileiras. Alinhado a isso, o crescimento da população idosa reforça a ideia de que o regime será insustentável.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) projeta que serão 75,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em 2070. É um crescimento de 112% em relação à expectativa de 35,4 milhões de idosos em 2025.
As estimativas foram elaboradas pelo órgão no Censo de 2022. Caso confirmadas, 38% dos brasileiros serão idosos daqui a 45 anos. A proporção atual é de 17%. Significa mais dependentes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em contrapartida, a população em idade ativa deve encolher. O grupo de 25 a 39 anos, forte no mercado de trabalho, terá redução de 37% –passará de 48,9 milhões em 2025 para 30,8 milhões em 2070.
O grupo mais afetado será o de 0 a 13 é o que mais vai reduzir no período. Leia os destaques:
- até 13 anos – cairá 43%;
- 14 a 17 anos – cairá 40%;
- 18 a 24 anos – cairá 40%;
- 25 a 39 anos – cairá 37%;
- 40 a 59 anos – cairá 11%.
Os dados mostram que o Brasil será um país mais velho. Menos pessoas pagarão impostos para sustentar a Previdência e mais beneficiários dependerão do regime.
“Tem cada vez menos jovens entrando nessa força de trabalho com o envelhecimento da população e menos crianças [nascendo]. Isso, eventualmente, vai pressionar. Vai ter menos receita e mais despesa”, declarou ao Poder360 Italo Franca, economista do Santander.
O Tesouro Nacional tem as próprias projeções para o rombo do regime previdenciário. O órgão estima que a diferença entre as receitas e despesas da área vai ultrapassar R$ 1 trilhão em 2041.
A expectativa para os anos seguintes é de ainda mais altas, como um deficit de R$ 29,9 trilhões em 2100, ou seja, em 75 anos. Esse valor representará 10,3% de todo o PIB brasileiro projetado para 2100.
Será uma parcela significativa de todas as riquezas produzidas na economia brasileira. A proporção para 2025 é de 2,45% do PIB.
A equipe econômica do atual governo já disse estar preocupada com a pressão que a Previdência terá nas contas públicas. Os gastos crescem acima do esperado.
Apesar disso, o máximo que a atual gestão fez para lidar com o tema foram pentes-finos –revisões em cadastros e uma fiscalização mais intensa das concessões de benefícios.
As diretrizes orçamentárias enviadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propõem economizar R$ 16,4 bilhões com ações dessa natureza até 2029. O problema é que as despesas com benefícios previdenciários devem crescer R$ 360,2 bilhões no período –valor 22 vezes maior que a projeção de poupança.
É pouco provável que Lula proponha uma nova reforma da Previdência. O presidente enfrenta desgastes em relação aos índices de popularidade e mudanças para os aposentados não pegarão bem, 00lmente após a descoberta de fraudes bilionárias no INSS envolvendo associações e sindicatos.
Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron disse que uma nova reforma será “inevitável”. Segundo ele, não há “solução fácil” para o tema, mas jogou a bola para o próximo governo.
“Cada ciclo de governo tem de enfrentar uma batalha. Estamos enfrentando uma batalha importantíssima sobre reforma tributária, que faz um avanço importante. Daqui a pouco, outro governo vai ter que se debruçar de novo sobre a Previdência. E aí vamos seguindo a nossa história”, declarou em entrevista à revista Exame em fevereiro.
A última reforma foi promulgada pelo Congresso Nacional em 2019, durante o início do governo de Jair Bolsonaro (PL). O texto determinou uma idade mínima para homens (65 anos) e mulheres (62 anos) se aposentarem.
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