O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6), por unanimidade, intensificar o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
No comunicado, o colegiado disse que o ambiente externo permanece “desafiador”, apontando como principal fator a incerteza nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.
Segundo o comitê, a conjuntura econômica incerta nos EUA suscita dúvidas sobre o ritmo da desaceleração da economia americana e da desinflação, bem como sobre a postura do Fed [Federal Reserve] na condução da política de juros. Na visão dos membros do BC, o cenário internacional demanda cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
Mais uma vez, houve unanimidade entre todos os membros do comitê. Essa foi a primeira decisão do colegiado desde a aprovação de Gabriel Galípolo para chefiar o BC em 2025. A transição de comando da autoridade monetária vai até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, em meio à escalada de juros.
A escolha pelo aumento mais agressivo da Selic veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a alta de 0,5 ponto era a projeção unânime dos economistas consultados.
O ciclo de subida de juros teve início na última reunião, em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual –primeiro aumento feito no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a segunda alta consecutiva, a Selic se iguala ao nível em que se encontrava em março. Na época, contudo, a trajetória dos juros seguia em direção oposta, com o processo de flexibilização em curso.
O Copom deixou seus passos futuros em aberto, sem se comprometer com o ritmo do próximo movimento ou com a extensão total do ciclo de alta de juros.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse.
Segundo o colegiado, as próximas decisões dependerão da evolução da dinâmica da inflação, da trajetória de suas próprias projeções, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.
O BC diz ter como estratégia a convergência da inflação para o redor da meta. O alvo central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,3% para 4,6% –acima do teto. Para 2025, houve alta de 3,7% para 3,9%. A estimativa para o 2º trimestre de 2026 –período em que o BC se propõe a cumprir a meta de inflação, conforme o modelo contínuo– situa-se em 3,6% (era 3,5% em setembro).
Neste ano, o colegiado tem só mais uma rodada de reuniões, nos dias 10 e 11 de dezembro. Em 2025, sete dos nove membros da cúpula do BC terão sido nomeados por Lula –três novos nomes serão indicados até o fim de 2024.
O comitê voltou a dizer que o cenário demanda uma política de juros mais contracionista. Isso significa uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação.
Como justificativa, citou a resiliência na atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade econômica está aquecida e operando acima do seu potencial, sujeita a pressões inflacionárias). Mencionou também a elevação das projeções de inflação e as expectativas mais distantes da meta.
Nas últimas semanas, analistas passaram a apostar em um choque maior de juros para levar a inflação em direção ao alvo devido a diversos fatores, entre eles risco fiscal e depreciação cambial.
O Copom voltou a demonstrar preocupação com a questão fiscal, dizendo que tem acompanhado “com atenção” os desdobramentos sobre os juros e o câmbio. Dessa vez, defendeu a “apresentação e execução” de medidas estruturais para o orçamento.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco [rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil] e a taxa de câmbio”, disse.
O comitê afirmou, em tom mais duro, que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
A cotação do dólar usada no encontro anterior foi de R$ 5,60 –na última sexta-feira, a divisa fechou a R$ 5,869, maior valor desde maio de 2020. Nesta quarta, a moeda norte-americana oscilou com a reação dos investidores à vitória de Trump. No cenário de referência desta reunião, houve um salto para R$ 5,75.
O câmbio já vinha apresentando bastante volatilidade nos últimos dias por fatores domésticos, com a expectativa dos agentes econômicos ao anúncio do pacote de medidas de corte de gastos, que até agora não ocorreu. Como mostrou a Folha, uma ala do governo Lula defende adiar a divulgação do plano para a próxima semana para evitar que o impacto positivo fique diluído.
A incerteza dos economistas sobre os rumos das contas públicas do país também gerou reflexo nas expectativas de inflação, que seguem cada vez mais distantes da meta.
Segundo dados do último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Para 2025 e 2026, as estimativas estão em 4,03% e 3,61%, respectivamente.
A resiliência da atividade econômica também colocou pressão extra sobre a decisão do Copom. Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia e o sistema de meta contínua de inflação, o BC já trabalha com o IPCA de 2026 na mira.
O comitê manteve o balanço de riscos para a inflação assimétrico para cima –o que significa que há mais riscos de o índice ficar acima do projetado do que abaixo dele.
Entre os fatores que puxariam a alta de preços, voltou a citar o risco de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços e uma conjunção de políticas econômicas internas e externas que tenham impacto inflacionário no Brasil. Neste caso, deu como exemplo a taxa de câmbio ficar persistentemente mais depreciada.
Entre riscos que levariam os preços para baixo, mencionou novamente a possibilidade de desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e a chance de os impactos do choque de juros sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o previsto.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6), por unanimidade, intensificar o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
No comunicado, o colegiado disse que o ambiente externo permanece “desafiador”, apontando como principal fator a incerteza nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.
Segundo o comitê, a conjuntura econômica incerta nos EUA suscita dúvidas sobre o ritmo da desaceleração da economia americana e da desinflação, bem como sobre a postura do Fed [Federal Reserve] na condução da política de juros. Na visão dos membros do BC, o cenário internacional demanda cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
Mais uma vez, houve unanimidade entre todos os membros do comitê. Essa foi a primeira decisão do colegiado desde a aprovação de Gabriel Galípolo para chefiar o BC em 2025. A transição de comando da autoridade monetária vai até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, em meio à escalada de juros.
A escolha pelo aumento mais agressivo da Selic veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a alta de 0,5 ponto era a projeção unânime dos economistas consultados.
O ciclo de subida de juros teve início na última reunião, em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual –primeiro aumento feito no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a segunda alta consecutiva, a Selic se iguala ao nível em que se encontrava em março. Na época, contudo, a trajetória dos juros seguia em direção oposta, com o processo de flexibilização em curso.
O Copom deixou seus passos futuros em aberto, sem se comprometer com o ritmo do próximo movimento ou com a extensão total do ciclo de alta de juros.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse.
Segundo o colegiado, as próximas decisões dependerão da evolução da dinâmica da inflação, da trajetória de suas próprias projeções, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.
O BC diz ter como estratégia a convergência da inflação para o redor da meta. O alvo central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,3% para 4,6% –acima do teto. Para 2025, houve alta de 3,7% para 3,9%. A estimativa para o 2º trimestre de 2026 –período em que o BC se propõe a cumprir a meta de inflação, conforme o modelo contínuo– situa-se em 3,6% (era 3,5% em setembro).
Neste ano, o colegiado tem só mais uma rodada de reuniões, nos dias 10 e 11 de dezembro. Em 2025, sete dos nove membros da cúpula do BC terão sido nomeados por Lula –três novos nomes serão indicados até o fim de 2024.
O comitê voltou a dizer que o cenário demanda uma política de juros mais contracionista. Isso significa uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação.
Como justificativa, citou a resiliência na atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade econômica está aquecida e operando acima do seu potencial, sujeita a pressões inflacionárias). Mencionou também a elevação das projeções de inflação e as expectativas mais distantes da meta.
Nas últimas semanas, analistas passaram a apostar em um choque maior de juros para levar a inflação em direção ao alvo devido a diversos fatores, entre eles risco fiscal e depreciação cambial.
O Copom voltou a demonstrar preocupação com a questão fiscal, dizendo que tem acompanhado “com atenção” os desdobramentos sobre os juros e o câmbio. Dessa vez, defendeu a “apresentação e execução” de medidas estruturais para o orçamento.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco [rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil] e a taxa de câmbio”, disse.
O comitê afirmou, em tom mais duro, que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
A cotação do dólar usada no encontro anterior foi de R$ 5,60 –na última sexta-feira, a divisa fechou a R$ 5,869, maior valor desde maio de 2020. Nesta quarta, a moeda norte-americana oscilou com a reação dos investidores à vitória de Trump. No cenário de referência desta reunião, houve um salto para R$ 5,75.
O câmbio já vinha apresentando bastante volatilidade nos últimos dias por fatores domésticos, com a expectativa dos agentes econômicos ao anúncio do pacote de medidas de corte de gastos, que até agora não ocorreu. Como mostrou a Folha, uma ala do governo Lula defende adiar a divulgação do plano para a próxima semana para evitar que o impacto positivo fique diluído.
A incerteza dos economistas sobre os rumos das contas públicas do país também gerou reflexo nas expectativas de inflação, que seguem cada vez mais distantes da meta.
Segundo dados do último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Para 2025 e 2026, as estimativas estão em 4,03% e 3,61%, respectivamente.
A resiliência da atividade econômica também colocou pressão extra sobre a decisão do Copom. Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia e o sistema de meta contínua de inflação, o BC já trabalha com o IPCA de 2026 na mira.
O comitê manteve o balanço de riscos para a inflação assimétrico para cima –o que significa que há mais riscos de o índice ficar acima do projetado do que abaixo dele.
Entre os fatores que puxariam a alta de preços, voltou a citar o risco de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços e uma conjunção de políticas econômicas internas e externas que tenham impacto inflacionário no Brasil. Neste caso, deu como exemplo a taxa de câmbio ficar persistentemente mais depreciada.
Entre riscos que levariam os preços para baixo, mencionou novamente a possibilidade de desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e a chance de os impactos do choque de juros sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o previsto.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6), por unanimidade, intensificar o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
No comunicado, o colegiado disse que o ambiente externo permanece “desafiador”, apontando como principal fator a incerteza nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.
Segundo o comitê, a conjuntura econômica incerta nos EUA suscita dúvidas sobre o ritmo da desaceleração da economia americana e da desinflação, bem como sobre a postura do Fed [Federal Reserve] na condução da política de juros. Na visão dos membros do BC, o cenário internacional demanda cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
Mais uma vez, houve unanimidade entre todos os membros do comitê. Essa foi a primeira decisão do colegiado desde a aprovação de Gabriel Galípolo para chefiar o BC em 2025. A transição de comando da autoridade monetária vai até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, em meio à escalada de juros.
A escolha pelo aumento mais agressivo da Selic veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a alta de 0,5 ponto era a projeção unânime dos economistas consultados.
O ciclo de subida de juros teve início na última reunião, em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual –primeiro aumento feito no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a segunda alta consecutiva, a Selic se iguala ao nível em que se encontrava em março. Na época, contudo, a trajetória dos juros seguia em direção oposta, com o processo de flexibilização em curso.
O Copom deixou seus passos futuros em aberto, sem se comprometer com o ritmo do próximo movimento ou com a extensão total do ciclo de alta de juros.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse.
Segundo o colegiado, as próximas decisões dependerão da evolução da dinâmica da inflação, da trajetória de suas próprias projeções, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.
O BC diz ter como estratégia a convergência da inflação para o redor da meta. O alvo central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,3% para 4,6% –acima do teto. Para 2025, houve alta de 3,7% para 3,9%. A estimativa para o 2º trimestre de 2026 –período em que o BC se propõe a cumprir a meta de inflação, conforme o modelo contínuo– situa-se em 3,6% (era 3,5% em setembro).
Neste ano, o colegiado tem só mais uma rodada de reuniões, nos dias 10 e 11 de dezembro. Em 2025, sete dos nove membros da cúpula do BC terão sido nomeados por Lula –três novos nomes serão indicados até o fim de 2024.
O comitê voltou a dizer que o cenário demanda uma política de juros mais contracionista. Isso significa uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação.
Como justificativa, citou a resiliência na atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade econômica está aquecida e operando acima do seu potencial, sujeita a pressões inflacionárias). Mencionou também a elevação das projeções de inflação e as expectativas mais distantes da meta.
Nas últimas semanas, analistas passaram a apostar em um choque maior de juros para levar a inflação em direção ao alvo devido a diversos fatores, entre eles risco fiscal e depreciação cambial.
O Copom voltou a demonstrar preocupação com a questão fiscal, dizendo que tem acompanhado “com atenção” os desdobramentos sobre os juros e o câmbio. Dessa vez, defendeu a “apresentação e execução” de medidas estruturais para o orçamento.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco [rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil] e a taxa de câmbio”, disse.
O comitê afirmou, em tom mais duro, que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
A cotação do dólar usada no encontro anterior foi de R$ 5,60 –na última sexta-feira, a divisa fechou a R$ 5,869, maior valor desde maio de 2020. Nesta quarta, a moeda norte-americana oscilou com a reação dos investidores à vitória de Trump. No cenário de referência desta reunião, houve um salto para R$ 5,75.
O câmbio já vinha apresentando bastante volatilidade nos últimos dias por fatores domésticos, com a expectativa dos agentes econômicos ao anúncio do pacote de medidas de corte de gastos, que até agora não ocorreu. Como mostrou a Folha, uma ala do governo Lula defende adiar a divulgação do plano para a próxima semana para evitar que o impacto positivo fique diluído.
A incerteza dos economistas sobre os rumos das contas públicas do país também gerou reflexo nas expectativas de inflação, que seguem cada vez mais distantes da meta.
Segundo dados do último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Para 2025 e 2026, as estimativas estão em 4,03% e 3,61%, respectivamente.
A resiliência da atividade econômica também colocou pressão extra sobre a decisão do Copom. Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia e o sistema de meta contínua de inflação, o BC já trabalha com o IPCA de 2026 na mira.
O comitê manteve o balanço de riscos para a inflação assimétrico para cima –o que significa que há mais riscos de o índice ficar acima do projetado do que abaixo dele.
Entre os fatores que puxariam a alta de preços, voltou a citar o risco de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços e uma conjunção de políticas econômicas internas e externas que tenham impacto inflacionário no Brasil. Neste caso, deu como exemplo a taxa de câmbio ficar persistentemente mais depreciada.
Entre riscos que levariam os preços para baixo, mencionou novamente a possibilidade de desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e a chance de os impactos do choque de juros sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o previsto.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6), por unanimidade, intensificar o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano.
No comunicado, o colegiado disse que o ambiente externo permanece “desafiador”, apontando como principal fator a incerteza nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.
Segundo o comitê, a conjuntura econômica incerta nos EUA suscita dúvidas sobre o ritmo da desaceleração da economia americana e da desinflação, bem como sobre a postura do Fed [Federal Reserve] na condução da política de juros. Na visão dos membros do BC, o cenário internacional demanda cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
Mais uma vez, houve unanimidade entre todos os membros do comitê. Essa foi a primeira decisão do colegiado desde a aprovação de Gabriel Galípolo para chefiar o BC em 2025. A transição de comando da autoridade monetária vai até o fim do ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto, em meio à escalada de juros.
A escolha pelo aumento mais agressivo da Selic veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a alta de 0,5 ponto era a projeção unânime dos economistas consultados.
O ciclo de subida de juros teve início na última reunião, em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual –primeiro aumento feito no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a segunda alta consecutiva, a Selic se iguala ao nível em que se encontrava em março. Na época, contudo, a trajetória dos juros seguia em direção oposta, com o processo de flexibilização em curso.
O Copom deixou seus passos futuros em aberto, sem se comprometer com o ritmo do próximo movimento ou com a extensão total do ciclo de alta de juros.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse.
Segundo o colegiado, as próximas decisões dependerão da evolução da dinâmica da inflação, da trajetória de suas próprias projeções, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.
O BC diz ter como estratégia a convergência da inflação para o redor da meta. O alvo central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,3% para 4,6% –acima do teto. Para 2025, houve alta de 3,7% para 3,9%. A estimativa para o 2º trimestre de 2026 –período em que o BC se propõe a cumprir a meta de inflação, conforme o modelo contínuo– situa-se em 3,6% (era 3,5% em setembro).
Neste ano, o colegiado tem só mais uma rodada de reuniões, nos dias 10 e 11 de dezembro. Em 2025, sete dos nove membros da cúpula do BC terão sido nomeados por Lula –três novos nomes serão indicados até o fim de 2024.
O comitê voltou a dizer que o cenário demanda uma política de juros mais contracionista. Isso significa uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação.
Como justificativa, citou a resiliência na atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade econômica está aquecida e operando acima do seu potencial, sujeita a pressões inflacionárias). Mencionou também a elevação das projeções de inflação e as expectativas mais distantes da meta.
Nas últimas semanas, analistas passaram a apostar em um choque maior de juros para levar a inflação em direção ao alvo devido a diversos fatores, entre eles risco fiscal e depreciação cambial.
O Copom voltou a demonstrar preocupação com a questão fiscal, dizendo que tem acompanhado “com atenção” os desdobramentos sobre os juros e o câmbio. Dessa vez, defendeu a “apresentação e execução” de medidas estruturais para o orçamento.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco [rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil] e a taxa de câmbio”, disse.
O comitê afirmou, em tom mais duro, que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
A cotação do dólar usada no encontro anterior foi de R$ 5,60 –na última sexta-feira, a divisa fechou a R$ 5,869, maior valor desde maio de 2020. Nesta quarta, a moeda norte-americana oscilou com a reação dos investidores à vitória de Trump. No cenário de referência desta reunião, houve um salto para R$ 5,75.
O câmbio já vinha apresentando bastante volatilidade nos últimos dias por fatores domésticos, com a expectativa dos agentes econômicos ao anúncio do pacote de medidas de corte de gastos, que até agora não ocorreu. Como mostrou a Folha, uma ala do governo Lula defende adiar a divulgação do plano para a próxima semana para evitar que o impacto positivo fique diluído.
A incerteza dos economistas sobre os rumos das contas públicas do país também gerou reflexo nas expectativas de inflação, que seguem cada vez mais distantes da meta.
Segundo dados do último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Para 2025 e 2026, as estimativas estão em 4,03% e 3,61%, respectivamente.
A resiliência da atividade econômica também colocou pressão extra sobre a decisão do Copom. Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia e o sistema de meta contínua de inflação, o BC já trabalha com o IPCA de 2026 na mira.
O comitê manteve o balanço de riscos para a inflação assimétrico para cima –o que significa que há mais riscos de o índice ficar acima do projetado do que abaixo dele.
Entre os fatores que puxariam a alta de preços, voltou a citar o risco de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços e uma conjunção de políticas econômicas internas e externas que tenham impacto inflacionário no Brasil. Neste caso, deu como exemplo a taxa de câmbio ficar persistentemente mais depreciada.
Entre riscos que levariam os preços para baixo, mencionou novamente a possibilidade de desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e a chance de os impactos do choque de juros sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o previsto.
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