O ex-deputado republicano de origem brasileira George Santos, que teve o mandato cassado após uma série de acusações, incluindo a de que teria falsificado seu currículo para conseguir vencer as primárias do partido e concorrer ao cargo, foi condenado a sete anos de prisão nesta sexta-feira. Santos se declarou culpado pelas acusações de fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado.
Promotores federais pediram à juíza que imponha uma pena de 87 meses, afirmando que essa medida é necessária “para proteger o público de ser enganado novamente por Santos”. A juíza Joanna Seybert atendeu o pedido, mas ainda não há informações sobre quando ele irá começar a cumprir a pena.
No ano passado, Santos se declarou culpado das acusações de fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado e admitiu uma série de outros esquemas, incluindo lavagem de dinheiro, mentiras ao Congresso e recebimento fraudulento de benefícios de desemprego.
Os advogados de Santos solicitaram que ele receba 24 meses de prisão, a pena federal mínima para o roubo de identidade qualificado. Eles enfatizaram a natureza não violenta dos crimes, escrevendo em carta ao tribunal que “sua conduta, embora envolvesse desonestidade e abuso de confiança, surgiu em grande parte de um desespero equivocado relacionado à sua campanha política, em vez de uma malícia inerente”.
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Promotores do Distrito Leste de Nova York retrataram Santos, de 36 anos, como um vigarista sem arrependimento que retornou repetidamente ao estilo de vida criminoso, tornando-se mais audacioso com o passar dos anos. E embora Santos tenha expressado contrição no tribunal, eles argumentaram que suas postagens no X.com atacando o Departamento de Justiça e se retratando como vítima de perseguição judicial contradiziam qualquer arrependimento genuíno.
“Suas ações falam mais alto do que quaisquer palavras, e clamam por uma sentença significativa de prisão neste caso”, escreveram os promotores em um memorando suplementar.
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Durante o tempo em que esteve sob os holofotes, Santos evoluiu de promessa política a motivo de piada nacional, de símbolo da disfunção em Washington a vilão da cultura pop. Pressionado a ressarcir as vítimas e financiar sua defesa, ele tentou monetizar sua fama infame, começando com vídeos personalizados no site Cameo.
Em dezembro, ele lançou um podcast chamado “Pants on Fire” (“Calças em Chamas”), título que faz alusão irônica às mentiras de Santos sobre, entre outras coisas, sua educação, histórico profissional e até mesmo uma carreira no vôlei na Baruch College.

O padrão de mentiras levou alguns de seus colegas republicanos na Câmara a liderar a iniciativa para expulsá-lo do Congresso. O movimento veio após um relatório do Comitê de Ética da Câmara concluir que ele havia roubado centenas de milhares de dólares de doadores — parte dos quais foi gasto com artigos de luxo e Botox.
Apesar de tudo, Santos manteve uma aparência de confiança, humor autodepreciativo e um prazer transgressor. Ele também demonstrou lealdade contínua ao ex-presidente Trump, aparentemente na esperança de receber um indulto, como outros receberam desde que Trump voltou à Casa Branca.
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Mas até agora, o presidente não demonstrou nenhuma simpatia por Santos. Na verdade, foi o Departamento de Justiça sob sua administração que pediu a sentença de 87 meses e, na quarta-feira, Santos afirmou que não pediria a Trump que intercedesse por ele.
— O presidente sabe da minha situação. Não é como se fosse um segredo. Se o presidente achar que eu mereço algum nível de clemência que está ao seu alcance, ele pode concedê-la, mas pedir um perdão seria negar responsabilidade e prestação de contas — disse ele em entrevista.
Filho de imigrantes brasileiros, George Santos, de 36 anos, se apresentou como a “nova cara do Partido Republicano” e construiu uma figura de candidato nas eleições legislativas de novembro de 2022, baseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários. Ele chegou a falsificar sua história familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma investigação realizada pelo jornal The New York Times, quando ele já estava no Congresso dos EUA, revelou suas mentiras. Segundo a promotoria, o ex-deputado enganou doadores de sua campanha ao transferir dinheiro para sua própria conta e usá-lo para pagar dívidas pessoais, comprar roupas de grife ou fazer pagamentos com os cartões de crédito de seus próprios apoiadores sem autorização. Ele também é acusado de receber benefícios de desemprego aos quais não tinha direito durante a pandemia de coronavírus, antes de sua eleição.
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Em dezembro passado, a Câmara dos Representantes expulsou o republicano, tornando-o o sexto congressista a ser obrigado a abandonar seu cargo na história da instituição. Mais de dois terços de seus colegas votaram para expulsá-lo, incluindo mais de cem republicanos. A comissão de ética da Câmara o acusou de ter “desacreditado gravemente” o órgão legislativo.
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