Para crescer profissionalmente, a maioria das mulheres ainda precisa abrir mão de aspectos essenciais da vida pessoal. Um levantamento inédito da Todas Group e da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados revela que 71% das mulheres em cargos de liderança sacrificam o autocuidado e a saúde física em prol da carreira. Além disso, 52% das entrevistadas admitem negligenciar a saúde mental para buscar crescimento no trabalho.
O estudo, intitulado “Mulheres nas empresas: o que querem da carreira e da vida pessoal”, também destaca que metade das mulheres entrevistadas renunciou ao tempo com a família, enquanto um terço deixou de lado a vida social e o lazer. A maternidade e o desejo de ter filhos foram sacrificados por 24% das participantes, enquanto 14% abriram mão de relacionamentos afetivos e estabilidade financeira.
O preço do sucesso: mães x mulheres sem filhos
O impacto do trabalho na vida das mulheres varia de acordo com sua realidade pessoal. Entre as mães, 65% abriram mão de momentos em família para priorizar a carreira. Já entre aquelas que não têm filhos, a saúde mental foi o aspecto mais afetado (61%), além dos relacionamentos afetivos (20%).
No ambiente profissional, as barreiras são evidentes, 8 em cada 10 mulheres (83%) afirmam enfrentar obstáculos para crescer na carreira. Entre as líderes de alto escalão — como CEOs, presidentes e sócias —, 48% relataram dificuldades significativas.
Além disso, a percepção de desigualdade ainda é forte, 71% das mulheres sentem que seu trabalho não é tão reconhecido quanto o dos homens. Destas, 12% acreditam que precisam se esforçar muito mais para obter o mesmo reconhecimento, enquanto 24% apontam que os homens são promovidos mais rapidamente.
Ambiente de trabalho
O levantamento também aponta os principais motivos que levam mulheres a sair do emprego. O assédio moral ou sexual é o fator predominante, citado por 47% das entrevistadas, seguido por um ambiente de trabalho tóxico (39%) e a falta de oportunidades de crescimento (26%).
Além disso, 19% destacam a falta de flexibilidade no modelo de trabalho, um fator que pesa especialmente para mães e mulheres em cargos intermediários de liderança.
A pesquisa revelou ainda que, para quase metade das mulheres (46%), equilibrar trabalho e vida pessoal é a maior prioridade. Esse fator aparece à frente de saúde mental e bem-estar (40%) e segurança financeira (39%).
O desejo por mais equilíbrio é ainda mais forte entre mães (52%), mulheres entre 35 e 50 anos (50%) e aquelas em cargos de coordenação e gerência (51%). Já entre as mulheres mais jovens (18 a 35 anos), a preocupação com saúde e bem-estar lidera, com 42% das respostas.
Para as mães, a sobrecarga mental é o principal desafio dentro das empresas, apontado por 50% das entrevistadas. Muitas também relatam sentir a pressão de provar que são tão dedicadas quanto colegas sem filhos (26%).
Outros obstáculos incluem a jornada inflexível (23%), o preconceito velado (20%) e a dificuldade de acesso a cargos de liderança (18%). A falta de políticas de suporte, como licença parental equilibrada e creche, foi mencionada por 16% das mulheres.
O que as mulheres esperam das empresas no 8 de março?
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, a pesquisa perguntou quais iniciativas deveriam ser priorizadas pelas empresas nesta data. Conscientização sobre a sobrecarga mental feminina e capacitação para crescimento na carreira lideram a lista, com 31% das respostas cada.
A flexibilidade no trabalho aparece logo em seguida, mencionada por 29% das mulheres, seguida por um maior número de mulheres em cargos de liderança (22%) e a equiparação salarial (20%).
Se pudessem escolher uma única mudança concreta, 20% das entrevistadas optariam por programas de aceleração de carreira, enquanto 18% priorizariam maior flexibilidade na jornada de trabalho.
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Dhafyni Mendes, cofundadora da Todas Group, também destaca a necessidade de maior envolvimento masculino na busca por equidade: “O estudo indica que as mulheres querem mais inclusão dos homens nas discussões sobre desigualdade. A conscientização e o engajamento de todos são fundamentais para criar mudanças efetivas no mercado de trabalho.”
A pesquisa foi realizada entre 24 e 26 de fevereiro com 1.203 mulheres que trabalham em grandes empresas e multinacionais.
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