Um relatório divulgado nesta segunda-feira (17/2) pela BioCatch apresenta a dimensão do problema da lavagem de dinheiro no sistema financeiro global. Em 2024 foram relatadas quase 2 milhões de contas vinculadas à lavagem de dinheiro. Esses registros vieram de 257 instituições financeiras de 21 países, espalhados por cinco continentes, que utilizam as ferramentas de monitoramento e prevenção da empresa.
“A expressão ‘ponta do iceberg’ pode estar desgastada pelo uso, mas continua relevante”, afirmou Tom Peacock, diretor de Inteligência Global de Fraudes da BioCatch, empresa especializada na detecção de fraudes digitais e crimes financeiros com o uso de inteligência comportamental. “As 2 milhões de contas laranjas relatadas por nossos clientes em 2024 provavelmente representam apenas uma pequena parte daquelas usadas para atividades de lavagem de dinheiro. Muitas outras, ativas ou inativas, podem estar espalhadas entre as 44 mil instituições financeiras existentes no mundo no ano passado.”
O relatório, intitulado “Global money mule networks: Using behavioral and device intelligence to shine a light on money laundering” (em tradução livre, “Redes globais de laranjas: Usando inteligência comportamental e de dispositivos para desvendar a lavagem de dinheiro”), apresenta uma análise detalhada sobre como o crime organizado utiliza contas ilegais para lavar dinheiro proveniente de crimes. O documento também explica os diferentes perfis de “laranjas” e como eles operam dentro de redes amplas e frequentemente complexas de lavagem de dinheiro.
O papel do Brasil
No contexto brasileiro, o relatório indica que o país está explorando opções para que os bancos possam compartilhar dados como uma estratégia para combater contas de laranjas. Essa discussão pode resultar em um maior foco na detecção e no controle dessas contas nos próximos anos, à medida que políticas e ferramentas de monitoramento forem estruturadas.
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“As fraudes e golpes financeiros são diretamente alimentados pelas contas laranjas, que atuam como pontos de apoio no movimento de dinheiro ilícito. No Brasil, a ausência de penalizações para essas contas cria um ambiente em que é financeiramente vantajoso utilizá-las. Isso não apenas favorece a fraude, mas também abre portas para crimes mais graves, como tráfico de drogas e sequestros, que dependem das mesmas redes de contas laranjas”, afirma Cassiano Cavalcanti, diretor de Pré-Vendas LATAM da BioCatch.
Segundo Cavalcanti, diante dessa situação, é urgente que o Brasil implemente medidas punitivas para combater as contas laranjas. “Em alguns países, por exemplo, metade das perdas decorrentes de fraudes ou golpes é arcada pela instituição que recebe esses valores. Essa abordagem não apenas aumenta a segurança financeira do país, mas também alinha os esforços para a redução das fraudes e golpes”, aponta.
De acordo com o Relatório Global de Crimes Financeiros 2024 da NASDAQ, aproximadamente US$ 3,1 trilhões em fundos ilícitos circularam pelo sistema financeiro global apenas no ano passado.
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