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“Câncer em metástase”. Foi assim que o novo ministro da Secretaria de Comunicação Sidônio Palmeira definiu a interlocutores a completa perda de controle do discurso do governo na recente crise do pix. Marqueteiro das duas últimas campanhas presidenciais do PT, Sidônio teve papel decisivo na decisão do Executivo de revogar a normativa da Receita Federal que determinava a fiscalização de movimentações financeiras via pix acima de 5.000 reais para pessoas físicas e de 10.000 reais para empresas.
Oposicionistas captaram a crise de credibilidade que atinge o terceiro mandato do presidente. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) produziu um vídeo que viralizou nas redes ao alegar que o governo teria interesse de monitorar trabalhadores informais por tratá-los como “grandes sonegadores” e questionou se no futuro a equipe econômica de fato não terá interesse em impor mais impostos aos brasileiros.
Centralizador, o presidente que sobreviveu a crises políticas, surfou no poder de mobilização de sindicatos aliados e atingiu quase 90% de aprovação em 2010 chegou à véspera do ano de eleição sem uma marca a apresentar. Vitrines como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Bolsa Família, pilares de administrações anteriores do petista, não encerram mais o mesmo apelo eleitoral, o discurso de salvação da democracia, muleta para a vitória de 2022, perdeu sentido para grande parte do eleitorado, e medidas erráticas, como o anúncio e posterior recuo da fiscalização de movimentações via pix, jogaram Lula nas cordas. Como ele próprio admitiu na reunião ministerial do último dia 20, o governo está desconectado do eleitor.
Sobrevivente de uma safra de publicitários baianos que deu as cartas na imagem de administrações petistas do ministro da Casa Civil Rui Costa e do senador governista Jaques Wagner, Sidônio Palmeira tem a missão de colocar a comunicação do governo nos trilhos e estabeleceu o que considera regra de ouro para ministérios e autarquias: não importa o tema, o governo tem de se comunicar primeiro. Sempre. Um anúncio menor, uma portaria corriqueira, uma campanha publicitária lateral, tudo a partir de agora precisará passar pela burocracia palaciana e pelo crivo do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social. Ainda assim, não será tarefa fácil.
Na semana passada, Rui Costa disse em entrevista à estatal EBC que o governo pretendia “buscar um conjunto de intervenções que sinalizem para o barateamento dos alimentos”. Assim como aconteceu com a crise do pix, diante da repercussão negativa, teve de recuar.
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