O Exército decidiu, em dezembro do ano passado, estender por mais seis meses a análise da licitação que prevê a compra, no valor de 1 bilhão de reais, de viaturas blindadas de uma empresa de Israel.
A renovação, na prática, é uma maneira de a Força ganhar tempo ou de provocar o governo a dar uma canetada negando a aquisição. O Exército já constatou que o contrato segue todas as especificações, também já avalizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e bastaria apenas a assinatura para o negócio ser fechado.
No entanto, a aquisição foi travada pelo assessor especial da Presidência e chanceler informal Celso Amorim. Com o recrudescimento da guerra entre Israel e o Hamas, condenada pelo governo brasileiro por ter deixado milhares de civis mortos, a ordem dada no fim de agosto foi para que o contrato não seguisse adiante.
O ministro da Defesa, José Múcio, protestou publicamente e afirmou que o governo brasileiro barrou a aquisição dos blindados por “ranços ideológicos”.
Agora, o governo tem até meados de 2025 para formalizar o destino da licitação. No Exército, há uma expectativa de que o anunciado cessar-fogo na Faixa de Gaza, se confirmado, possa mudar o posicionamento federal. Mas, caso contrário, espera-se que o Estado – e não a Força – formalize a rejeição do negócio, apresente os argumentos pela medida e assuma os eventuais ônus com a decisão.
Os estudos sobre a troca dos blindados brasileiros começaram em 2017. O modelo atual é de uma tecnologia da Segunda Guerra Mundial e chegou ao país na década de 1970. Em 2022, foi lançada uma pesquisa de mercado, e em agosto de 2023 saiu o edital para a renovação da frota. No final de abril deste ano, foi anunciado que a empresa israelense Elbit Systems ficou na primeira colocação do certame – companhias da República Tcheca, França e China ficaram nas classificações seguintes.
Ao menos por enquanto, a ideia de convocar a segunda colocada está completamente descartada.
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