Nesta terça-feira (19/11) é comemorado o Dia da Bandeira no Brasil. Criado em 1889, após a Proclamação da República, o famoso símbolo nacional ostenta, além das cores verde, amarela e azul e do lema ‘ordem e progresso’, diversos significados.
Naquele dia 19 de novembro de 1889, há 135 anos, a bandeira brasileira substituiu a bandeira Imperial, que estampava o brasão da monarquia portuguesa. O objetivo era reunir, na nova representação, símbolos que remetessem à República que acabava de nascer.
O pintor Décio Villares foi o responsável pelo novo desenho, com o disco azul dentro do losango amarelo; o filósofo Raimundo Teixeira Mendes o orientou em relação a ideias positivistas; e o astrônomo Manuel Pereira Reis foi quem alinhou as estrelas que figuram no design.
Império
Em 1940 foi descoberto um projeto de bandeira atribuído ao artista francês Jean-Bapstiste Debret, feito com ajuda de José Bonifácio e encomendado, em 1820, por Dom João VI. Ele seria uma espécie de rascunho, que teria dado origem ao uso das cores verde e amarela e à presença do formato de losango nas próximas bandeiras.

(foto: Gustavo Barroso/Reprodução)
Além desses elementos, havia, no desenho, uma cruz da Ordem de Cristo circundada por 19 estrelas, um ramo de cana de açúcar e um de fumo e uma coroa real.
Em setembro de 1822, para representar a independência do país e o início do Império português, uma outra bandeira passou a ser usada. Encomendada por Dom Pedro como pavilhão pessoal quando ainda era príncipe-regente, ela foi feita também por Debret.

(foto: Governo do Brasil)
Ela mantinha elementos da bandeira da Cisplatina — província do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves —, e do antigo reino, ao que foram introduzidos outros, como ramos de café e tabaco.
Apesar de a primeira versão da bandeira do Império ter sido utilizada somente de setembro a dezembro, as que a seguiram não foram muito diferentes. A do Primeiro Reinado, utilizada de 1º de dezembro de 1822 a agosto de 1853, apenas trocava a coroa real pela coroa imperial; enquanto a do Segundo Reinado, que passou a vigorar a partir de 29 de agosto de 1853, acrescia à anterior mais uma estrela, representativa da província do Paraná, somando 20 delas ao total.
Cores
Antes da Proclamação da República, em 1889, a bandeira do Império do Brasil era diferente da atual, mas tinha basicamente as mesmas cores. O verde e o amarelo, porém, tinham outras simbologias.
Com a nova bandeira, o verde, que antes era associado à Casa de Bragança, da qual Dom Pedro I fazia parte, passou a representar florestas e vegetações do país; o amarelo, que simbolizava a Casa de Habsburgo, da imperatriz Leopoldina, passou a fazer referência ao ouro e a outros recursos minerais. Por fim, o azul passou a fazer alusão ao céu estrelado, e o branco à unidade e à paz da nação.
Primeiras bandeiras da República
Antes que a bandeira nacional que se conhece nos dias de hoje passasse a ser, de fato, a oficial, houve duas primeiras versões republicanas usadas entre os dias 15, data em que se iniciou a República, e o dia 19, quando a bandeira atual foi apresentada ao povo.
Baseada na dos Estados Unidos, a primeira bandeira tinha 13 linhas verdes e amarelas que indicam, na bandeira dos EUA, as 13 colônias norte-americanas. Havia também, sob as listras, um quadrilátero preto que homenageava a população negra e dentro do qual estavam dispostas 20 estrelas brancas. Ela foi içada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro no dia 15 de novembro de 1889.

(foto: Governo do Brasil)
Criada por Ruy Barbosa, a segunda versão da primeira bandeira tinha 21 estrelas e um quadrilátero, desta vez azul, sob as mesmas 13 linhas verdes e amarelas. Ela foi usada no mastro do navio que levou a família imperial ao exílio e hasteada na redação do jornal A Cidade do Rio, sendo escolhida pelo governo provisório para ser adotada pelo restante dos quatro dias antes da apresentação da nova.

(foto: Governo do Brasil)
Outras propostas de bandeiras vetadas foram utilizadas ou serviram de base, depois, para representar estados, como Goiás, Sergipe, Piauí e São Paulo.

(foto: Governo do Brasil)
Estrelas
Uma vez que o azul faz referência ao céu, as estrelas dispostas sobre ele remetem à forma como estava organizado o firmamento da então capital do país, o Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1889.
Segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, “as constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889 (doze horas siderais) e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste”.

(foto: Senado Federal)
Os 27 astros presentes na bandeira correspondem cada um a uma constelação específica e representam a diversidade dos 26 estados e do Distrito Federal. O número foi atualizado por três vezes, em 1889, 1960 e 1992, à medida que novos territórios foram criados.
“Os novos Estados da Federação serão representados por estrelas que compõem o aspecto celeste referido no parágrafo anterior, de modo a permitir-lhes a inclusão no círculo azul da Bandeira Nacional sem afetar a disposição estética original constante do desenho proposto pelo Decreto n° 4, de 19 de novembro de 1889”, informa a norma.
Frase
O lema que figura no centro da bandeira era originalmente mais extenso. A frase “o amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”, inspirado na corrente filosófica positivista, foi proposta no início.
No fim, porém, manteve-se apenas ‘ordem e progresso’, a fim de simbolizar a busca por equilíbrio social e por desenvolvimento.
Tamanho
O tamanho, as proporções e as medidas da bandeira nacional são determinados.
Segundo a Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, “a Bandeira Nacional em tecido, para as repartições públicas em geral, federais, estaduais, e municipais, para quartéis e escolas públicas e particulares, será executada em um dos seguintes tipos: tipo 1, com um pano de 45 centímetros de largura; tipo 2, com dois panos de largura; tipo 3, três panos de largura; tipo 4 quatro panos de largura; tipo 5, cinco panos de largura; tipo 6, seis panos de largura; tipo 7, sete panos de largura”.
Além disso, “para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada, dividindo-se esta em 14 (quatorze) partes iguais”, dos quais cada uma das partes será considerada um módulo.

(foto: Reprodução/Governo Federal)
“II – O comprimento será de vinte módulos (20M); III – A distância dos vértices do losango amarelo ao quadro externo será de um módulo e sete décimos (1,7M).
IV – O círculo azul no meio do losango amarelo terá o raio de três módulos e meio (3,5M).
V – O centro dos arcos da faixa branca estará dois módulos (2M) à esquerda do ponto do encontro do prolongamento do diâmetro vertical do círculo com a base do quadro externo (…).
VI – O raio do arco inferior da faixa branca será de oito módulos (8M); o raio do arco superior da faixa branca será de oito módulos e meio (8,5M).
VII – A largura da faixa branca será de meio módulo (0,5M).
VIII – As letras da legenda Ordem e Progresso serão escritas em cor verde. Serão colocadas no meio da faixa branca, ficando, para cima e para baixo, um espaço igual em branco. A letra P ficará sobre o diâmetro vertical do círculo. A distribuição das demais letras far-se-á conforme a indicação do Anexo nº 2. As letras da palavra Ordem e da palavra Progresso terão um terço de módulo (0,33M) de altura. A largura dessas letras será de três décimos de módulo (0,30M). A altura da letra da conjunção E será de três décimos de módulo (0,30M). A largura dessa letra será de um quarto de módulo (0,25M).
IX – As estrelas serão de 5 (cinco) dimensões: de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta grandezas. Devem ser traçadas dentro de círculos cujos diâmetros são: de três décimos de módulo (0,30M) para as de primeira grandeza; de um quarto de módulo (0,25M) para as de segunda grandeza; de um quinto de módulo (0,20M) para as de terceira grandeza; de um sétimo de módulo (0,14M) para as de quarta grandeza; e de um décimo de módulo (0,10M) para a de quinta grandeza.
X – As duas faces devem ser exatamente iguais, com a faixa branca inclinada da esquerda para a direita (do observador que olha a faixa de frente), sendo vedado fazer uma face como avesso da outra.”
Hasteamento e queima
Hasteada pela primeira vez no dia 19 de novembro, onde hoje é a Praça da República, em São Paulo, a bandeira nacional tem regras de hasteamento. De acordo com a legislação brasileira, o procedimento deve ser feito todos os dias, entre outros, no Palácio da Presidência da República e na residência do presidente, em órgãos públicos e em missões diplomáticas.
Nos dias de festa ou luto nacional, ela é hasteada em todas as repartições públicas, em estabelecimentos de ensino e em sindicatos. Em escolas públicas e privadas é obrigatório o hasteamento solene pelo menos uma vez por semana durante o ano letivo.
Normalmente, segundo a Lei nº 5.700/71, “faz-se o hasteamento às 8 horas e o arriamento às 18 horas”. No dia 19 de novembro, porém, por ser o Dia da Bandeira, “o hasteamento é realizado às 12 horas, com solenidades especiais”.
Em períodos de luto oficial, seja a nível nacional, estadual ou municipal, e em outras ocasiões especificadas pela lei, a bandeira é hasteada a ‘meio-mastro’, ou seja, elevada até o topo do mastro e depois abaixada até a metade.
No mais, “a Bandeira Nacional pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros, de caráter oficial ou particular”, de acordo com o art. 10 da Lei nº 5.700. Ela também “estará permanentemente no topo de um mastro especial plantado na Praça dos Três Poderes de Brasília, no Distrito Federal, como símbolo perene da Pátria e sob a guarda do povo brasileiro”. A substituição é feita no primeiro domingo de cada mês, em solenidade especial.
Quando desgastada ou danificada, a bandeira deve ser queimada, a fim de que o simbolismo seja mantido e não deturpado por qualquer alteração física.
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