Em um período de um pouco mais de uma década, o Brasil apresentou uma mudança na estrutura dos domicílios, em que as mulheres são, cada vez mais, protagonistas. Também aumentou o número de casais homoafetivos morando sob o mesmo teto e mais pessoas que moram sozinhas, principalmente, idosas. É o que diz a Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo — um recorte do Censo Demográfico 2022 —, divulgado ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, 49,1% das unidades domésticas (36 milhões) estavam sob responsabilidade de mulheres, enquanto 50,9% (37 milhões) eram comandadas por homens. Uma mudança significativa em relação ao Censo de 2010, quando as mulheres regiam apenas 38,7% dos domicílios, enquanto os homens chefiavam 61,3%.
Em dez estados — Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Amapá, Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Bahia e Piauí —, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi superior a 50%.
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da Federação está concentrada na Região Nordeste. Os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, os estados acompanharem o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Desde os 20 anos, a assessora de comunicação Joyce Mattos é a chefe do próprio lar. Hoje, aos 31 anos e mãe solo, ela se desdobra para sustentar a filha de 7 anos, e conta apenas com a ajuda da pensão de um salário mínimo paga pelo pai da criança.
“A maior dificuldade é conciliar tudo, as tarefas domésticas, trabalho, criação, gastos. É sempre uma conta que não fecha porque há uma sobrecarga de coisas a serem feitas, então, é mais adaptação ao que é possível de se fazer, de se comprar, de se manter. Minha filha, por exemplo, já fez aula de piano. Hoje eu não consigo mais manter”, lamenta Joyce.
Maioria parda
Entre os dados mais relevantes da pesquisa, o número de chefes de domicílios autodeclarados pardos superou, pela primeira vez, o número de brancos. O Censo registrou 43,8% de pessoas pardas responsáveis pelo lar, em comparação com 42,2% de pessoas brancas. Em 2010, esses percentuais eram, respectivamente, 40% e 49,4%.
A proporção de pessoas pretas subiu de 9% para 11,7%; e a de indígenas variou de 0,4% para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% (2010) para 0,5% (2022).
Os dados do IBGE também mostram que a maioria das pessoas responsáveis pelas unidades domésticas tinha mais de 40 anos (67,3%). Em comparação com 2010, eram 62,4%. Cerca de 40% dos brasileiros, em 2022, estavam na faixa de 40 a 59 anos, seguida pela de pessoas com 60 anos ou mais (27,2%).
A forma como vivem as pessoas mais velhas também mudou nesses últimos 12 anos. Atualmente, os idosos representam pouco menos de um terço (28,7%) dos chamados lares unipessoais, em que o morador vive sozinho.
Luciene Longo diz que o alto percentual de pessoas com mais de 60 anos vivendo sozinhas pode estar relacionado com o envelhecimento saudável da população, que permite uma vida mais longeva e autônoma. “As pessoas idosas apresentam maior chance de morar sozinhas em razão de diversos acontecimentos do ciclo de vida, seja em relação à morte do companheiro ou da companheira, de divórcio, da saída dos filhos dos domicílios. Essas são características que ajudam a explicar o fato de os responsáveis dessa faixa estarem sobrerrepresentados nas unidades unipessoais”, explica a analista do IBGE.
Diversidade
O IBGE aponta uma redução do números de lares de famílias com responsável, cônjuge e filhos. Os percentuais recuaram de 41,3%, (2010) para 30,7%, (2022). Por outro lado, a proporção de domicílios com casais sem filhos subiu de 16,1% (2010) para 20,2% (2022). As unidades domésticas mais comum são aquelas em que vivem apenas um casal, um casal com filhos ou apenas uma pessoa com filhos — 64,1% do total, queda de 2 pontos percentuais em relação a 2012. Em seguida, estão o domicílio unipessoal (18,9%) e o domicílio estendido, onde algum parente também mora na casa, como um neto ou um avô (15,4%).
O número de pessoas que vivem sozinhas também aumentou de forma expressiva. Em 2010, o percentual daqueles que não compartilhavam o lar com ninguém era de 12,2%. Doze anos depois, subiu para quase 19%.
O Brasil tem, hoje, 57,5% de moradias habitadas por casais heterossexuais; e 41,9% chefiadas por por pessoas solteiras. Em pouco mais de uma década, cresceu bastante o número de lares que abrigam casais formados por pessoas do mesmo sexo. Eram 60 mil (apenas 0,1% do total de moradias) no Censo de 2010, e passou para 390 mil (0,54%) no último levantamento — um aumento de mais de 500%.
Entre as unidades da Federação com maior proporção de lares de casais homoafetivos, Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%) lideram as estatísticas.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria
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Em um período de um pouco mais de uma década, o Brasil apresentou uma mudança na estrutura dos domicílios, em que as mulheres são, cada vez mais, protagonistas. Também aumentou o número de casais homoafetivos morando sob o mesmo teto e mais pessoas que moram sozinhas, principalmente, idosas. É o que diz a Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo — um recorte do Censo Demográfico 2022 —, divulgado ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, 49,1% das unidades domésticas (36 milhões) estavam sob responsabilidade de mulheres, enquanto 50,9% (37 milhões) eram comandadas por homens. Uma mudança significativa em relação ao Censo de 2010, quando as mulheres regiam apenas 38,7% dos domicílios, enquanto os homens chefiavam 61,3%.
Em dez estados — Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Amapá, Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Bahia e Piauí —, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi superior a 50%.
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da Federação está concentrada na Região Nordeste. Os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, os estados acompanharem o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Desde os 20 anos, a assessora de comunicação Joyce Mattos é a chefe do próprio lar. Hoje, aos 31 anos e mãe solo, ela se desdobra para sustentar a filha de 7 anos, e conta apenas com a ajuda da pensão de um salário mínimo paga pelo pai da criança.
“A maior dificuldade é conciliar tudo, as tarefas domésticas, trabalho, criação, gastos. É sempre uma conta que não fecha porque há uma sobrecarga de coisas a serem feitas, então, é mais adaptação ao que é possível de se fazer, de se comprar, de se manter. Minha filha, por exemplo, já fez aula de piano. Hoje eu não consigo mais manter”, lamenta Joyce.
Maioria parda
Entre os dados mais relevantes da pesquisa, o número de chefes de domicílios autodeclarados pardos superou, pela primeira vez, o número de brancos. O Censo registrou 43,8% de pessoas pardas responsáveis pelo lar, em comparação com 42,2% de pessoas brancas. Em 2010, esses percentuais eram, respectivamente, 40% e 49,4%.
A proporção de pessoas pretas subiu de 9% para 11,7%; e a de indígenas variou de 0,4% para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% (2010) para 0,5% (2022).
Os dados do IBGE também mostram que a maioria das pessoas responsáveis pelas unidades domésticas tinha mais de 40 anos (67,3%). Em comparação com 2010, eram 62,4%. Cerca de 40% dos brasileiros, em 2022, estavam na faixa de 40 a 59 anos, seguida pela de pessoas com 60 anos ou mais (27,2%).
A forma como vivem as pessoas mais velhas também mudou nesses últimos 12 anos. Atualmente, os idosos representam pouco menos de um terço (28,7%) dos chamados lares unipessoais, em que o morador vive sozinho.
Luciene Longo diz que o alto percentual de pessoas com mais de 60 anos vivendo sozinhas pode estar relacionado com o envelhecimento saudável da população, que permite uma vida mais longeva e autônoma. “As pessoas idosas apresentam maior chance de morar sozinhas em razão de diversos acontecimentos do ciclo de vida, seja em relação à morte do companheiro ou da companheira, de divórcio, da saída dos filhos dos domicílios. Essas são características que ajudam a explicar o fato de os responsáveis dessa faixa estarem sobrerrepresentados nas unidades unipessoais”, explica a analista do IBGE.
Diversidade
O IBGE aponta uma redução do números de lares de famílias com responsável, cônjuge e filhos. Os percentuais recuaram de 41,3%, (2010) para 30,7%, (2022). Por outro lado, a proporção de domicílios com casais sem filhos subiu de 16,1% (2010) para 20,2% (2022). As unidades domésticas mais comum são aquelas em que vivem apenas um casal, um casal com filhos ou apenas uma pessoa com filhos — 64,1% do total, queda de 2 pontos percentuais em relação a 2012. Em seguida, estão o domicílio unipessoal (18,9%) e o domicílio estendido, onde algum parente também mora na casa, como um neto ou um avô (15,4%).
O número de pessoas que vivem sozinhas também aumentou de forma expressiva. Em 2010, o percentual daqueles que não compartilhavam o lar com ninguém era de 12,2%. Doze anos depois, subiu para quase 19%.
O Brasil tem, hoje, 57,5% de moradias habitadas por casais heterossexuais; e 41,9% chefiadas por por pessoas solteiras. Em pouco mais de uma década, cresceu bastante o número de lares que abrigam casais formados por pessoas do mesmo sexo. Eram 60 mil (apenas 0,1% do total de moradias) no Censo de 2010, e passou para 390 mil (0,54%) no último levantamento — um aumento de mais de 500%.
Entre as unidades da Federação com maior proporção de lares de casais homoafetivos, Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%) lideram as estatísticas.
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Em um período de um pouco mais de uma década, o Brasil apresentou uma mudança na estrutura dos domicílios, em que as mulheres são, cada vez mais, protagonistas. Também aumentou o número de casais homoafetivos morando sob o mesmo teto e mais pessoas que moram sozinhas, principalmente, idosas. É o que diz a Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo — um recorte do Censo Demográfico 2022 —, divulgado ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, 49,1% das unidades domésticas (36 milhões) estavam sob responsabilidade de mulheres, enquanto 50,9% (37 milhões) eram comandadas por homens. Uma mudança significativa em relação ao Censo de 2010, quando as mulheres regiam apenas 38,7% dos domicílios, enquanto os homens chefiavam 61,3%.
Em dez estados — Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Amapá, Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Bahia e Piauí —, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi superior a 50%.
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da Federação está concentrada na Região Nordeste. Os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, os estados acompanharem o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Desde os 20 anos, a assessora de comunicação Joyce Mattos é a chefe do próprio lar. Hoje, aos 31 anos e mãe solo, ela se desdobra para sustentar a filha de 7 anos, e conta apenas com a ajuda da pensão de um salário mínimo paga pelo pai da criança.
“A maior dificuldade é conciliar tudo, as tarefas domésticas, trabalho, criação, gastos. É sempre uma conta que não fecha porque há uma sobrecarga de coisas a serem feitas, então, é mais adaptação ao que é possível de se fazer, de se comprar, de se manter. Minha filha, por exemplo, já fez aula de piano. Hoje eu não consigo mais manter”, lamenta Joyce.
Maioria parda
Entre os dados mais relevantes da pesquisa, o número de chefes de domicílios autodeclarados pardos superou, pela primeira vez, o número de brancos. O Censo registrou 43,8% de pessoas pardas responsáveis pelo lar, em comparação com 42,2% de pessoas brancas. Em 2010, esses percentuais eram, respectivamente, 40% e 49,4%.
A proporção de pessoas pretas subiu de 9% para 11,7%; e a de indígenas variou de 0,4% para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% (2010) para 0,5% (2022).
Os dados do IBGE também mostram que a maioria das pessoas responsáveis pelas unidades domésticas tinha mais de 40 anos (67,3%). Em comparação com 2010, eram 62,4%. Cerca de 40% dos brasileiros, em 2022, estavam na faixa de 40 a 59 anos, seguida pela de pessoas com 60 anos ou mais (27,2%).
A forma como vivem as pessoas mais velhas também mudou nesses últimos 12 anos. Atualmente, os idosos representam pouco menos de um terço (28,7%) dos chamados lares unipessoais, em que o morador vive sozinho.
Luciene Longo diz que o alto percentual de pessoas com mais de 60 anos vivendo sozinhas pode estar relacionado com o envelhecimento saudável da população, que permite uma vida mais longeva e autônoma. “As pessoas idosas apresentam maior chance de morar sozinhas em razão de diversos acontecimentos do ciclo de vida, seja em relação à morte do companheiro ou da companheira, de divórcio, da saída dos filhos dos domicílios. Essas são características que ajudam a explicar o fato de os responsáveis dessa faixa estarem sobrerrepresentados nas unidades unipessoais”, explica a analista do IBGE.
Diversidade
O IBGE aponta uma redução do números de lares de famílias com responsável, cônjuge e filhos. Os percentuais recuaram de 41,3%, (2010) para 30,7%, (2022). Por outro lado, a proporção de domicílios com casais sem filhos subiu de 16,1% (2010) para 20,2% (2022). As unidades domésticas mais comum são aquelas em que vivem apenas um casal, um casal com filhos ou apenas uma pessoa com filhos — 64,1% do total, queda de 2 pontos percentuais em relação a 2012. Em seguida, estão o domicílio unipessoal (18,9%) e o domicílio estendido, onde algum parente também mora na casa, como um neto ou um avô (15,4%).
O número de pessoas que vivem sozinhas também aumentou de forma expressiva. Em 2010, o percentual daqueles que não compartilhavam o lar com ninguém era de 12,2%. Doze anos depois, subiu para quase 19%.
O Brasil tem, hoje, 57,5% de moradias habitadas por casais heterossexuais; e 41,9% chefiadas por por pessoas solteiras. Em pouco mais de uma década, cresceu bastante o número de lares que abrigam casais formados por pessoas do mesmo sexo. Eram 60 mil (apenas 0,1% do total de moradias) no Censo de 2010, e passou para 390 mil (0,54%) no último levantamento — um aumento de mais de 500%.
Entre as unidades da Federação com maior proporção de lares de casais homoafetivos, Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%) lideram as estatísticas.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br
Em um período de um pouco mais de uma década, o Brasil apresentou uma mudança na estrutura dos domicílios, em que as mulheres são, cada vez mais, protagonistas. Também aumentou o número de casais homoafetivos morando sob o mesmo teto e mais pessoas que moram sozinhas, principalmente, idosas. É o que diz a Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo — um recorte do Censo Demográfico 2022 —, divulgado ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, 49,1% das unidades domésticas (36 milhões) estavam sob responsabilidade de mulheres, enquanto 50,9% (37 milhões) eram comandadas por homens. Uma mudança significativa em relação ao Censo de 2010, quando as mulheres regiam apenas 38,7% dos domicílios, enquanto os homens chefiavam 61,3%.
Em dez estados — Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Amapá, Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Bahia e Piauí —, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi superior a 50%.
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da Federação está concentrada na Região Nordeste. Os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, os estados acompanharem o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Desde os 20 anos, a assessora de comunicação Joyce Mattos é a chefe do próprio lar. Hoje, aos 31 anos e mãe solo, ela se desdobra para sustentar a filha de 7 anos, e conta apenas com a ajuda da pensão de um salário mínimo paga pelo pai da criança.
“A maior dificuldade é conciliar tudo, as tarefas domésticas, trabalho, criação, gastos. É sempre uma conta que não fecha porque há uma sobrecarga de coisas a serem feitas, então, é mais adaptação ao que é possível de se fazer, de se comprar, de se manter. Minha filha, por exemplo, já fez aula de piano. Hoje eu não consigo mais manter”, lamenta Joyce.
Maioria parda
Entre os dados mais relevantes da pesquisa, o número de chefes de domicílios autodeclarados pardos superou, pela primeira vez, o número de brancos. O Censo registrou 43,8% de pessoas pardas responsáveis pelo lar, em comparação com 42,2% de pessoas brancas. Em 2010, esses percentuais eram, respectivamente, 40% e 49,4%.
A proporção de pessoas pretas subiu de 9% para 11,7%; e a de indígenas variou de 0,4% para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% (2010) para 0,5% (2022).
Os dados do IBGE também mostram que a maioria das pessoas responsáveis pelas unidades domésticas tinha mais de 40 anos (67,3%). Em comparação com 2010, eram 62,4%. Cerca de 40% dos brasileiros, em 2022, estavam na faixa de 40 a 59 anos, seguida pela de pessoas com 60 anos ou mais (27,2%).
A forma como vivem as pessoas mais velhas também mudou nesses últimos 12 anos. Atualmente, os idosos representam pouco menos de um terço (28,7%) dos chamados lares unipessoais, em que o morador vive sozinho.
Luciene Longo diz que o alto percentual de pessoas com mais de 60 anos vivendo sozinhas pode estar relacionado com o envelhecimento saudável da população, que permite uma vida mais longeva e autônoma. “As pessoas idosas apresentam maior chance de morar sozinhas em razão de diversos acontecimentos do ciclo de vida, seja em relação à morte do companheiro ou da companheira, de divórcio, da saída dos filhos dos domicílios. Essas são características que ajudam a explicar o fato de os responsáveis dessa faixa estarem sobrerrepresentados nas unidades unipessoais”, explica a analista do IBGE.
Diversidade
O IBGE aponta uma redução do números de lares de famílias com responsável, cônjuge e filhos. Os percentuais recuaram de 41,3%, (2010) para 30,7%, (2022). Por outro lado, a proporção de domicílios com casais sem filhos subiu de 16,1% (2010) para 20,2% (2022). As unidades domésticas mais comum são aquelas em que vivem apenas um casal, um casal com filhos ou apenas uma pessoa com filhos — 64,1% do total, queda de 2 pontos percentuais em relação a 2012. Em seguida, estão o domicílio unipessoal (18,9%) e o domicílio estendido, onde algum parente também mora na casa, como um neto ou um avô (15,4%).
O número de pessoas que vivem sozinhas também aumentou de forma expressiva. Em 2010, o percentual daqueles que não compartilhavam o lar com ninguém era de 12,2%. Doze anos depois, subiu para quase 19%.
O Brasil tem, hoje, 57,5% de moradias habitadas por casais heterossexuais; e 41,9% chefiadas por por pessoas solteiras. Em pouco mais de uma década, cresceu bastante o número de lares que abrigam casais formados por pessoas do mesmo sexo. Eram 60 mil (apenas 0,1% do total de moradias) no Censo de 2010, e passou para 390 mil (0,54%) no último levantamento — um aumento de mais de 500%.
Entre as unidades da Federação com maior proporção de lares de casais homoafetivos, Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%) lideram as estatísticas.
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