Em depoimento, Walter Vieira afirmou que as falhas foram cometidas pelos colaboradores do PCS Lab Saleme; seis pacientes foram infectados
14 out
2024
– 19h16
(atualizado às 19h27)
Walter Vieira, um dos sócios do PCS Lab Saleme —laboratório responsável pelo erro que levou à infecção com HIV de seis pacientes transplantados após receberem órgãos contaminados no Rio de Janeiro–, culpou os funcionários pelas falhas em exames.
A fala foi feita durante depoimento para a Polícia Civil do Rio nesta segunda-feira, 14. Vieira foi preso durante a Operação Verum, que investiga o caso da contaminação. Além de dele, Ivanilson Fernandes dos Santos também foi preso pela operação. Cléber de Oliveira dos Santos e Jacqueline Iris Bacellar de Assis estão foragidos. O advogado de Jacqueline já informou os policiais de que ela deve se entregar na terça-feira, 15, durante a tarde.
Segundo o jornal O Globo, em seu depoimento, Vieira atribuiu as falhas a erros humanos de três funcionários que também foram alvos de mandados de prisão na Operação Verum. Dois doadores de órgãos tiveram ‘falsos positivos’, o que resultou na contaminação de ao menos seis pacientes transplantados.
Doador 1
- Um tubo utilizado para armazenar o sangue coletado do doador de órgãos não teria sido adequadamente manuseado. O preparo incorreto teria sido feito pelo técnico Cléber de Oliveira dos Santos. Os dados incorretos geraram um falso negativo;
- O exame foi liberado por Cléber;
- A assinatura do resultado, no entanto, é de Walter Vieira. Segundo ele, isso ocorreu devido a uma regra do sistema. Como ele foi o último a fazer outros exames no local, o sistema inseriu automaticamente o nome do último usuário no laudo;
- A falha é responsável pela infecção de três pacientes, que receberam rins e coração.
Doador 2
- O técnico de laboratório Ivanilson dos Santos teria identificado reação positiva para o vírus numa amostra coletada do segundo doador. No entanto, ele teria lançado a informação inversa no sistema, gerando um falso negativo;
- Ivanilson não tinha autorização para liberar o resultado. Assim, a funcionária Jacqueline de Assis finalizou os procedimentos, liberando o resultado;
- Jacqueline não é biomédica. Ela alega que foi contratada como auxiliar administrativa. Já Vieira afirma que Jacqueline fraudou um certificado para trabalhar como biomédica;
- O segundo erro no exame foi responsável pela infecção de mais três pessoas. Desta vez, os pacientes receberam rins e fígado.
Matheus e Márcia Vieira, o filho e a irmã de Walter Vieira, que também são sócios do laboratório, também serão ouvidos pela polícia. Márcia informou em depoimento que atuava na área administrativa do laboratório. Já Matheus se manteve em silêncio e deve depor ainda esta semana.
Prisões
Nesta segunda-feira, 14, o médico ginecologista Walter Vieira, apontado como o responsável técnico pelo laboratório e que assinou um dos laudos com o falso negativo para o vírus HIV, foi preso pela Polícia Civil. Ele foi um dos quatro alvos da Operação Verum, que mirou os suspeitos de envolvimento na emissão de laudos fraudulentos que resultaram no transplante de seis órgãos contaminados com HIV.
Ivanilson Fernandes dos Santos também foi preso pela operação. Ele seria um dos responsáveis técnicos pelos laudos. Segundo o jornal, Santos não quis falar com a imprensa e riu ao ser indagado sobre os crimes.
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Outros dois alvos de mandados de prisão são: Cleber de Oliveira Santos, que também seria outro responsável técnico pelos laudos, e Jacqueline Iris Bacellar de Assis, cuja assinatura aparece em um dos laudos e que negou envolvimento no caso. Ambos são considerados foragidos pela polícia.
Além das prisões, os agentes também cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde fica a sede do laboratório, e na capital.
A polícia também investiga se o PCS Lab Saleme também falsificou laudos em outros casos.
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