Pelo quarto ano consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos, de Mato Grosso do Sul deve crescer acima da média nacional. Mais uma vez o resultado do agronegócio e da indústria devem puxar a economia estadual para o topo do ranking como a unidade da Federação que mais cresce no território nacional.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira que, na passagem do quarto trimestre de 2024 para o primeiro de 2025, o PIB do Brasil cresceu 1,4%. As altas na agropecuária (12,2%) e nos serviços (0,3%) contribuíram para o crescimento.
Já a indústria apresentou pequena variação negativa (-0,1%), considerada estabilidade. Frente ao primeiro trimestre de 2024, houve crescimento de 2,9%, enquanto no acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB registrou elevação de 3,5%.
Apesar de não ser feito um recorte regional sobre o crescimento no primeiro trimestre, os analistas consultados pelo Correio do Estado apontam que Mato Grosso do Sul deve ter um crescimento ainda maior.
“Como no caso do resultado nacional, o PIB agro vai puxar positivamente o desempenho estadual. Os principais setores são o agro e a indústria, com destaque para a soja, o milho e celulose, com a agroindústria desses produtos tendo os maiores crescimentos porcentuais”, avalia o doutor em Economia Michel Constantino.
O Estado lidera as principais projeções divulgadas sobre o crescimento do PIB neste ano entre os estados brasileiros. Tanto na lista do Banco do Brasil quanto na da consultoria Tendências, Mato Grosso do Sul é o primeiro colocado entre os 26 estados e o Distrito Federal.
O ranking da Tendências aponta crescimento de 4,4% para Mato Grosso do Sul, quase 1 ponto porcentual à frente do segundo colocado, Mato Grosso, que tem previsão de 3,7%. A média nacional deve ficar próxima a 2%.
O relatório da Resenha Regional do Banco do Brasil apontou para crescimento de 4,2% na economia de MS, contra uma média geral de 2,2% no País.
AGRONEGÓCIO
Ainda de acordo com o relatório do Banco do Brasil, dividindo o PIB total por setores, a projeção de crescimento do PIB agropecuário de Mato Grosso do Sul é de 11,7%, o maior do País, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 11,4%. A média nacional para o setor é de 6%.
Para o doutor em Economia e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Daniel Frainer, são comportamentos distintos o crescimento da economia local e o cenário nacional como um todo.
“O agro tem um papel fundamental no Estado, mas no nacional o que manda é o crescimento dos serviços. A participação do agro no nacional é muito pequena em termos de peso. Embora o crescimento do setor seja grande, participa pouco para o crescimento da economia. Pelos resultados apontados pelo trimestral nacional para 2025, há essa tendência do agro apresentar maiores taxas de crescimento, por conta da safra de soja ser finalizada no primeiro trimestre, e esse ano houve resultados positivos pelas chuvas que foram regulares e tiveram papel importante no resultado”.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado nas últimas semanas, o agronegócio de Mato Grosso do Sul tem colhido bons resultados de recuperação nos primeiros meses do ano tanto na produção quanto nas exportações.
Conforme dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), a produção deve atingir 14,6 milhões de toneladas da oleaginosa, sendo menor apenas que o ciclo 2022/2023, quando o Estado colheu 15 milhões de toneladas de soja.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, explica que ainda haverá uma última revisão dos dados, que poderá trazer um número ainda maior.
“A nossa estimativa de 14,6 milhões de toneladas [de soja], obviamente, em função da quebra de safra do ano passado, está muito superior [à do ciclo anterior]. O Brasil vai responder por 40% da produção mundial de soja este ano, e Mato Grosso Sul contribui com uma recuperação excepcional. Vai ter ainda uma revisão, mas, pelas estimativas iniciais, tínhamos lugares com altíssima produtividade média de 70 [sacas por hectare], 80 sacas por hectare, dando essa média de 54,4 [sacas por hectare], em função de algumas regiões no sul do Estado”, diz.
EXPORTAÇÕES
MS encerrou o primeiro quadrimestre deste ano com superavit comercial de US$ 2,46 bilhões, resultado 6,3% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado principalmente pelas exportações de celulose, carne bovina e carnes de aves, além da expansão nas vendas externas da indústria de transformação, que cresceram 29,65% em termos de valor.
Entre janeiro e abril, as exportações totalizaram US$ 3,37 bilhões, crescimento de 2,7%, em relação ao ano passado. Já as importações somaram US$ 879,8 milhões, uma retração de 6,3%, o que reforça a balança comercial favorável ao Estado no período.
A soja, embora seja o segundo item da pauta, com 28,66% de participação, teve queda de 25,7% em valor exportado. No entanto, segundo Verruck, o volume exportado deve ser recorde neste ano.
“A gente deve bater o recorde de exportação, eu acredito nisso. Existe uma pressão nesse momento grande de compra do mercado chinês, em função da questão das tarifas ajustadas pelo Trump, que antes o Brasil ganhou o espaço no mercado chinês de soja. Devemos bater um recorde também de exportação de grãos, o Brasil e, provavelmente, Mato Grosso Sul, em função do ritmo de comercialização. Vão se aproveitar exatamente desse espaço, enquanto não clarear a questão tarifária dos Estados Unidos”, finaliza.
Discover more from FATONEWS :
Subscribe to get the latest posts sent to your email.