O ministro Rogerio Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revogou medida cautelar imposta ao copiloto Renan Machado Melo, um dos alvos da Operação Mafiusi, que apura suposto esquema de tráfico internacional de drogas entre Brasil e Itália, permitindo retomada da licença aeronáutica — necessária para pilotar ou atuar com manutenção de aeronaves. “Ainda que se possa considerar a gravidade dos fatos imputados ao paciente e o seu possível pertencimento a organização criminosa, em relação a ele, não vislumbro risco atual que justifique a gravosa suspensão de sua atividade laboral”, citou o magistrado.
Melo, que aparece na investigação como Falcon 2, foi denunciado em março deste ano por suposta ligação com PCC e a ‘Ndrangheta, máfia do sul da Itália. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele teria atuado “como copiloto em aviões particulares utilizados por João Carlos Camisa Nova Júnior, em parceria com Willian Barile Agati, para permitir o transporte, guarda e remessa de cocaína para o exterior”. É atribuído a Nova Júnior o codinome “Don Corleone”. A defesa de Melo sustentou que a suspensão da licença até então era “excessivamente gravosa, visto que o acusado tem emprego lícito e que inexistem indícios atuais de práticas ilícitas no exercício de sua profissão”.
O grupo criminoso, segundo denúncia do MPF, atuou entre 2019 e 2024 com transporte de cocaína a partir do porto Paranaguá, no Paraná, ou via aérea. Os receptores dos objetos ilícitos seriam mafiosos da Calábria. Nas páginas 237/258 da denúncia do MPF, há citação sobre Thiago Almeida Denz, conhecido como Comando, e Melo, com atuação em viagens realizadas nos meses de setembro, outubro e novembro de 2020.
“A autoridade policial e o MPF reproduziram diversas conversas realizadas nesse grupo que demonstram que Thiago Almeida Denz (Comando) e Renan Machado Melo (Falcon 2), além de pilotar, também realizavam as atividades atinentes a esconder a droga dentro da aeronave. O MPF aponta, ainda, que em determinada conversa foi feita a referência de que o piloto receberia 800.000 reais por determinada empreitada criminosa”.
Durante as investigações, o MPF sustentou que identificou “expressiva lavagem de capitais”. Para as autoridades, a estrutura da organização é complexa e ostenta alto poder financeiro, sobretudo em razão da movimentação de valores, pagamentos em espécie, aquisição de bens de luxo e lavagem dos ativos obtidos com o tráfico através de várias ações, em especial com o agenciamento de jogadores de futebol e compra de imóveis.
A Operação Mafiusi foi deflagrada em dezembro de 2024. Diversos bens ocultos, móveis ou imóveis, frutos dos atos dissimulados foram identificados, qualificados e apreendidos ou submetidos a medidas judiciais. De acordo com a Polícia Federal, dez mandados de prisão e 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na ocasião. A estimativa dos valores dos bens apreendidos citado à época foi de 126 milhões de reais.
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