Manifestação superou o público de Copacabana de 16 de março e ficou próximo do 7 de setembro de 2024, que também foi realizado na av. Paulista
O ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu cerca de 59.900 apoiadores neste domingo (6.abr.2025), na av. Paulista, em São Paulo, no momento de pico. A manifestação defendeu a anistia para presos e investigados pelos ataques do 8 de Janeiro.
Para fazer o cálculo do público, o Poder360 usou fotos aéreas de alta resolução feitas com drone no momento de maior concentração no local do ato, justamente durante o discurso de Bolsonaro. O ex-presidente falou por pouco mais de 26 minutos –começou a discursar por volta de 15h40. As imagens foram tiradas das 16h03 às 16h09.
Com as fotos disponíveis, o terreno ocupado foi esquadrinhado com o Google Earth para que fosse possível saber em quantos metros quadrados havia público. O Poder360 marcou os locais de acordo com a concentração:
- densidade baixa – uma pessoa por m²;
- densidade média-baixa – duas pessoas por m²;
- densidade média – 3 pessoas por m²;
- densidade média–alta – 4 pessoas por m²;
- densidade alta – 5 pessoas por m².
Depois, somou o número de pessoas em cada metro quadrado e chegou ao total estimado –que sempre será aproximado, pois em concentrações dessa natureza as pessoas se deslocam de um lado para o outro com frequência. Também não é possível identificar com clareza as pessoas embaixo de árvores ou de marquises de prédios.
GOVERNADORES MARCAM PRESENÇA
Sete governadores de Estado foram à manifestação:
Durante o ato, 4 deles tiraram uma foto juntos, abraçados: Caiado, Ratinho Jr., Tarcísio e Zema. Os governadores de Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais compartilharam o mesmo post em seus perfis nas redes sociais a seguinte mensagem: “Unidos pela anistia”.
Os 4 são cotados para disputarem o Planalto em 2026 no campo da direita. A presença dos governadores solidifica a percepção de que o candidato da direita em 2026 passa obrigatoriamente por Bolsonaro.
O ex-presidente está inelegível e virou réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe. Ele insiste em sua candidatura e evita dar apoio público a alguém. Para 67% dos brasileiros, Bolsonaro deveria abrir mão publicamente da disputa.
Chama a atenção também o fato de nomes da direita que tiveram algum tipo de rusga com Bolsonaro no passado recente terem ido à manifestação. É o caso de Caiado, chamado de “covarde” pelo ex-presidente em setembro de 2024, e do senador e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil-PR).
Um nome relevante da direita que parece não ter ido ao ato é o ex-coach e candidato a prefeito de São Paulo em 2024, Pablo Marçal (PRTB). Em seu perfil nas redes sociais, ele postou vídeos passeando no lago Paranoá, em Brasília, no sábado (5.abr), e depois, já neste domingo (6.abr), em um evento em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo.
Veja galeria de fotos da manifestação na av. Paulista:
Veja fotos do ato de Bolsonaro na av. Paulista
PL DA ANISTIA E BATOM
Pauta da manifestação, a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro ganhou um símbolo nas últimas semanas: o batom. Foi com o acessório de maquiagem que a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos pichou a estátua em frente à sede do Supremo com a frase “perdeu, mané”.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia pedido aos manifestantes que levassem o batom ao ato. Durante o seu discurso, ela pediu que todos levantassem o braço com o acessório em mãos. No chão, até um batom inflável com a frase “anistia já” foi levado por manifestantes.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e o pastor e organizador do evento, Silas Mafalaia, usaram seus discursos para pressionar o presidente da Casa Baixa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto. Sóstenes disse que a anistia será pautada “querendo ou não”. Já o religioso declarou que Motta “envergonha o povo”.
- Em que pé está o projeto da anistia – o PL segue pressionando Motta a pautar o requerimento de urgência do texto. O presidente da Câmara resiste. Sóstenes afirmou em 3 de abril que mudou de estratégia e coletará as assinaturas individualmente para incluir a urgência automaticamente em votação. Ele precisa de 257 deputados –afirmou ter 165.

Manifestante mostra batom durante ato na av. Paulista
Leia mais sobre o ato de 6 de abril na av. Paulista:
Assista ao discurso de Bolsonaro (27min29s):
MAIS QUE BOULOS
Bolsonaro reuniu quase 11 vezes mais pessoas que o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) na Paulista.
O deputado do Psol havia realizado um ato contra a anistia em 30 de março, com um público estimado de 5.500 participantes.
ESTIMATIVA DA USP
O Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), estimou que o ato de Bolsonaro teve um público de cerca de 44.900 apoiadores. A margem de erro é de 2.200 pessoas, para mais ou para menos. Leia a íntegra do levantamento (PDF – 18 MB).
O cálculo é feito com a ajuda de um software chinês chamado Point to Point Network. Entenda nesta reportagem do Poder360 como funciona o programa.
OUTROS ATOS DE BOLSONARO
Relembre abaixo os atos de Bolsonaro desde 2023:
- 16.mar.2025 – reuniu 26.000 em Copacabana, no Rio;
- 7.set.2024 – reuniu 58.000 na av. Paulista, em SP;
- 25.fev.2024 – reuniu de 300 mil a 350 mil na av. Paulista, em SP;
- 21.abr.2024 – reuniu de 40.000 a 45.000 em Copacabana, no Rio.
O ato deste domingo foi o 1º do ex-presidente depois de virar réu com outros 7 aliados no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado –entenda o que acontece agora.
METOLOGIA DO PODER360
Para fazer o cálculo de estimativa de público, o Poder360 utilizou fotos áreas de alta resolução feitas com drone. Com as fotos disponíveis, o terreno ocupado foi esquadrinhado com o Google Earth para que fosse possível saber em quantos metro quadrado havia público.
O jornal digital marcou os locais de acordo com a concentração: 1, 2, 3, 4 ou 5 pessoas por metro quadrado. Depois, somou o número estimado de manifestantes e chegou ao total –que sempre será aproximado, pois em concentrações dessa natureza, o público é flutuante e se desloca. Não é possível identificar com clareza nas imagens as pessoas que ficam embaixo de árvores ou de marquises de prédios.
Leia mais sobre o ato de 6 de abril na av. Paulista:
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