A crise no abastecimento de água na Reserva Indígena de Dourados — que abrange as aldeias Jaguapiru e Bororó e abriga cerca de 20 mil moradores — continua a impactar a qualidade de vida da população. Apesar de ações emergenciais implementadas no final do ano passado, a falta d’água ainda é uma realidade para muitas famílias indígenas da região.
Após manifestações organizadas pelos indígenas no final do ano passado, que resultaram no bloqueio da MS-156 e confronto com a Polícia Militar, uma força-tarefa envolvendo diversos órgãos foi criada para buscar soluções imediatas. Uma das medidas adotadas foi a perfuração e ativação de novos poços artesianos em diferentes pontos da reserva, com o objetivo de melhorar o fornecimento de água potável.
No entanto, o esforço enfrenta um novo obstáculo: a queima das bombas instaladas nos poços. Em alguns casos, os equipamentos foram substituídos ou consertados, mas seguem inoperantes por falta de profissional eletricista para realizar a ligação e ativação correta dos sistemas.
Enquanto isso, comunidades inteiras continuam enfrentando a escassez de água, dependendo de caminhões-pipa ou buscando alternativas precárias para garantir o abastecimento básico. Em épocas de estiagem ou calor intenso, o problema se agrava ainda mais, comprometendo atividades cotidianas como higiene, preparo de alimentos e cuidados com a saúde.
Lideranças indígenas alertam que o abastecimento ainda é desigual e, em muitas áreas da reserva, o sonho de ver água saindo das torneiras permanece distante. “A água é um direito básico. A perfuração dos poços foi um avanço, mas é necessário garantir que eles estejam em funcionamento. Sem eletricista, não adianta ter bomba nova”, afirma uma das lideranças locais.
A situação já foi novamente levada às autoridades competentes, e a expectativa é que, nas próximas semanas, a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e os demais órgãos envolvidos atuem para garantir os profissionais necessários para ativar os sistemas.
A reserva indígena de Dourados é uma das maiores do país em área urbana e, com sua população expressiva, demanda soluções permanentes e estruturadas para problemas históricos como a falta de água. Enquanto isso, os moradores seguem resistindo, aguardando que ações prometidas se transformem, de fato, em melhoria na qualidade de vida.
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