A Microsoft afirmou ter criado um novo estado da matéria que possibilitaria o desenvolvimento de um computador quântico, após cerca de 20 anos de pesquisa. Além de sólido, líquido e gasoso, portanto, uma quarta fase de existência física que especialistas acreditavam ser impossível de existir teria sido alcançada pela empresa de tecnologia. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado nesta quarta-feira (19/2) pela revista Nature.
Os cientistas afirmaram ter construído um novo tipo de qubit, que é a unidade básica de informação na computação quântica. Esses “qubits topológicos”, como nomeados em 1997, teriam sido construídos dentro de um novo tipo de chip de computador.
Quando resfriado a temperaturas extremamente baixas, esse novo chip “se comporta de maneiras incomuns e poderosas que a Microsoft acredita que permitirão resolver problemas tecnológicos, matemáticos e científicos que as máquinas clássicas nunca conseguiram”, segundo o New York Times.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, o Google apresentou um chip quântico experimental que conseguiu realizar em apenas cinco minutos um cálculo que supercomputadores não conseguiriam finalizar mesmo se tivessem todo o tempo do universo — 10 septilhões de anos.
O fato de a nova tecnologia da Microsoft não ser “tão volátil” quanto outras tecnologias quânticas, que se resumem aos três estados até então conhecidos da matéria, a torna mais fácil de ser explorada.
Cientistas buscam construir computadores quânticos, que poderiam acelerar o desenvolvimento de desde inteligência artificial até medicamentos, desde os anos 1980. Muitos pesquisadores de destaque, diz o jornal americano, disseram, porém, que seria impossível tornar a tecnologia realidade nas próximas décadas.
Apesar disso, os cientistas da empresa de Bill Gates acreditam que os métodos criados por eles ajudariam a concretizar mais rapidamente a ideia de um computador quântico. Um dos líderes da equipe que construiu o novo chip afirmou, ao NYT, que a conquista “está a anos de distância, não décadas”.
A corrida pelo pioneirismo dos computadores quânticos, portanto, que já pauta as grandes empresas tecnológicas, deve se acelerar a partir de agora. Segundo o New York Times, os avanços nesta área terão implicações não apenas na tecnologia e na ciência, mas na geopolítica.
Entenda a computação quântica
Smartphones, notebooks e computadores convencionais dependem de chips feitos de materiais que conduzem eletricidade em algumas situações, chamados semicondutores. Esses chips armazenam e processam números, a partir de soma, multiplicação e assim por diante.
Os cálculos são feitos a partir da manipulação de “bits” de informação — unidades básicas — que contêm 1 ou 0. No caso da computação quântica, os bits quânticos, chamados qubits, dependem do comportamento “de partículas subatômicas ou materiais exóticos resfriados a temperaturas extremamente baixas”.
“Quando é extremamente pequeno ou extremamente frio”, explica o New York Times, “um único objeto pode se comportar como dois objetos separados ao mesmo tempo”. Assim, é possível construir, por exemplo, um qubit que combina 1 e 0 na mesma unidade. Se dois qubits podem ter, então, quatro valores ao mesmo tempo, o computador quântico se torna cada vez mais poderoso à medida que o número de qubits aumenta.
A maioria das empresas de tecnologia, como o Google, constrói qubits a partir de supercondutores criados pelo resfriamento de metais a temperaturas extremamente baixas. A Microsoft, por sua vez, decidiu combinar esses supercondutores a semicondutores — princípio proposto pela primeira vez, na teoria, em 1997; e iniciado em forma de projeto de pesquisa pela empresa no início dos anos 2000.
A nova tecnologia é um único dispositivo que junta arsenieto de índio, um semicondutor, a alumínio, um supercondutor em baixas temperaturas. Quando resfriado a cerca de 400 graus negativos, o chip “exibe um tipo de comportamento sobrenatural que pode tornar os computadores quânticos possíveis”.
Essa descoberta pode ser revolucionária, uma vez que a criação de um ‘qubit topológico’, se comprovada, pode vir a acelerar o desenvolvimento do primeiro computador quântico.
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