Um ano após a Boeing enfrentar uma profunda reestruturação executiva e uma prolongada crise existencial, a fabricante americana de aviões acaba de fechar o maior pedido de aeronaves de sua história, impulsionado por um forte endosso do presidente Donald Trump.
- Por 90 dias: China suspende controle de exportações e sanções a empresas americanas
- Após trégua comercial com os EUA: China volta a permitir que companhias aéreas encomendem aviões da Boeing
O CEO Kelly Ortberg assinou um acordo para até 210 aeronaves de grande porte com a Qatar Airways, incluindo o 787 Dreamliner e o maior modelo 777X, equipado com motores da General Electric, em uma cerimônia com a presença de Trump e do Emir do Catar nesta quarta-feira. A Casa Branca afirmou que o valor do acordo é de US$ 96 bilhões, embora os clientes normalmente negociem grandes descontos.
O anúncio, feito nos salões revestidos de mármore da Corte Real do Catar, proporcionou uma vitória significativa para todas as partes envolvidas: Trump está em missão pelo Golfo Pérsico para fechar acordos comerciais trilionários e exibir suas habilidades de negociação.
O Catar e sua companhia aérea reforçam os laços com os EUA ao apoiar o maior exportador do país. E a Boeing sai com um pedido que consolida sua liderança em uma região que tem sido uma grande compradora de seus jatos mais caros.
O pedido firmado na quarta-feira prevê a compra de 130 aeronaves 787 Dreamliner e 30 do modelo 777X pela Qatar Airways, com opção de adquirir mais 50 aeronaves de fuselagem larga de qualquer um dos dois tipos, segundo pessoas familiarizadas com o acordo.

A GE Aerospace informou que o pacto inclui mais de 400 motores, em seu maior negócio de turbinas para aviões de grande porte. A Casa Branca não forneceu detalhes completos do acordo, e tanto a Qatar Airways quanto a Boeing se recusaram a comentar.
Ortberg acompanhou Trump em sua viagem à região, incluindo a primeira parada na Arábia Saudita na terça-feira, onde a Boeing também conseguiu um compromisso menor de US$ 4,8 bilhões para fornecimento de aeronaves ao fundo soberano saudita. Trump parabenizou Ortberg após a assinatura do acordo muito maior, promovendo-o como um recorde que ajudará a garantir empregos nos Estados Unidos.
A relação entre os dois nem sempre foi tranquila. Trump criticou publicamente a Boeing por atraso na entrega de dois novos jatos presidenciais Air Force One, encomendados durante seu primeiro mandato. Ortberg declarou que a Boeing encontrou maneiras de acelerar o programa, que está com anos de atraso.
A questão dos aviões presidenciais atrasados pairava sobre a viagem de Trump, especialmente após ele confirmar que está considerando aceitar um Boeing 747-8 de propriedade do Catar, configurado como avião privado.
Trump disse que a aeronave seria doada ao Departamento de Defesa dos EUA e poderia ser usada como solução temporária enquanto a Boeing conclui os novos Air Force One. A ideia, no entanto, tem sido recebida com controvérsia em ambos os lados do espectro político nos EUA.
Ortberg saiu da aposentadoria no ano passado para ajudar a reverter a situação da Boeing, que mergulhou em uma profunda crise após um acidente quase catastrófico no início de 2024, que revelou falhas alarmantes nas fábricas da empresa e de um fornecedor-chave.
Desde que assumiu, enfrentou uma greve de trabalhadores, reestruturou as finanças da empresa com uma nova rodada de investimentos e colocou a Boeing no caminho para aumentar a produção de seus modelos mais importantes: o 737 Max e o 787 Dreamliner.
Os investidores comemoraram o acordo fechado em Doha, com as ações da Boeing subindo até 3,1%, atingindo o maior valor dos últimos 15 meses.
O Catar tem sido, há muito tempo, um cliente fiel da Boeing, embora a companhia aérea também opere uma grande frota de aeronaves de curta e longa distância da Airbus. As aeronaves de grande porte têm sido mais procuradas desde a pandemia, à medida que as rotas internacionais foram reabertas e as companhias aéreas buscaram renovar suas frotas envelhecidas.
O CEO da Boeing estava acompanhado em Doha por Stephanie Pope, chefe da divisão de aviões comerciais da empresa. Ambos os executivos assumiram seus novos cargos como parte de uma reestruturação da gestão ocorrida no ano passado, que afastou a antiga cúpula em torno do ex-CEO Dave Calhoun.
O compromisso firmado inclina de forma significativa o foco do Catar para o lado da Boeing, embora a companhia aérea também esteja considerando adquirir uma quantidade menor de aeronaves Airbus A350, segundo informou a Bloomberg na semana passada. Caso esse acordo se concretize, ele deverá ser anunciado durante o Salão Aeronáutico de Paris, em junho.
A Qatar Airways opera uma frota mista de mais de 200 jatos de pequeno e grande porte de ambos os fabricantes. A companhia utiliza mais de 50 unidades do modelo antigo do Boeing 777, que muitas empresas aéreas estão ansiosas para substituir.
Discover more from FATONEWS :
Subscribe to get the latest posts sent to your email.