Seu processo migratório foi rápido e sem burocracias, mas a estudante confessa que está preocupada com seu futuro e de outros imigrantes no país. “Minha maior preocupação é no que está por vir nos próximos anos. Estamos vivendo mudanças bruscas na economia, com elevado custo de vida em pouco tempo. Eu temo que a reforma migratória mude as regras, dificultando o acesso de um estudante estrangeiro que sonha estudar medicina na Argentina”, disse.
Ao UOL, o consulado e a embaixada brasileira confirmaram que acompanham de perto os planos do governo Milei de realizar uma reforma migratória no país. “A Embaixada e o Consulado têm colhido informações sobre os planos argentinos de realizar uma reforma de aspectos de sua política migratória, cujo texto ainda não é de conhecimento público. Têm também mantido contato com a comunidade brasileira na Argentina, inclusive grupos de estudantes, a fim de entender suas preocupações e de conhecer mais de perto sua situação jurídica/migratória. Conforme novos elementos das mudanças pretendidas pelo governo argentino forem conhecidos, será possível avaliar com mais clareza eventuais efeitos para a comunidade brasileira’, disse em nota.
De acordo com a embaixada brasileira em Buenos Aires, mesmo brasileiros que ingressam na Argentina com o visto de estudante, isto é, uma permissão transitória e temporária para viver, podem solicitar a residência permanente, estando em solo argentino, devido ao convênio bilateral entre os dois países.
Autor da lei defende migração como direito humano
A atual Lei de Migrações da Argentina, vigente desde 2024, é considerada por organismos internacionais como referência de direitos humanos. Ela estabelece como princípio que o ato de migrar é um direito humano, por isso, qualquer estrangeiro, independente do seu status migratório, tem direito aos mesmos serviços que os argentinos, como acesso à saúde e a educação públicas e gratuitas.
À reportagem, o autor da Lei de Migrações, o ex-senador Rúben Giustianini, afirmou que as tentativas do governo Milei de enfraquecê-la é um retrocesso. “Somos referência. A lei é o nosso orgulho. Ela estabelece que migrar é um direito. Todos em solo argentino têm os mesmos direitos. As pessoas que migram buscam caminhos para melhorar suas vidas, para escapar de uma guerra, da fome, da morte, do desemprego. Querem viver. Levantar um muro é ineficaz, além de ser desumano”, afirmou.
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