Com o acirramento da tensão comercial, o dólar passa de R$ 6 e bolsas operam no modo ‘gangorra’.
Após a nova retaliação por parte da China e da União Europeia, o presidente americano foi às redes sociais e pediu aos americanos que mantenham a calma e continuem investindo, à medida que suas amplas tarifas recíprocas entram em vigor. Em evento na noite de terça-feira, horas antes da implementação das novas tarifas, Trump debochou dos líderes globais e disse que seus parceiros comerciais “estão puxando o saco” para conseguir um acordo e evitar as sobretaxas.
A retaliação chinesa representa um aumento expressivo em relação aos 34% anunciados pelo governo chinês na semana passada e aprofunda a guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo, em um contexto de disputas por influência global e proteção de mercados internos.
A China também adicionou 12 empresas dos EUA à sua lista de controle de exportações e seis à sua lista de instituições não confiáveis. As companhias que entram nessa lista ficam proibidas de negociar ou investir na China.
O país também apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as últimas tarifas dos EUA, de acordo com o Ministério do Comércio.
O adicional de 50% sobre os 34% informados pelo governo chinês anteriormente é uma resposta imediata à intensificação do protecionismo americano. Nesta quarta-feira, as tarifas sobre produtos chineses comprados pelos EUA passou a ser de 104%.

US$ 143,5 bilhões taxados
Mais cedo a China havia prometido tomar “medidas resolutas e eficazes” para proteger seus direitos e interesses.
— Os Estados Unidos ainda estão impondo tarifas arbitrárias à China e aplicando pressão extrema sem cessar. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse comportamento dominador e intimidador — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira.
Os Estados Unidos exportaram US$ 143,5 bilhões em bens para a China no ano passado, de acordo com o governo americano. Os principais produtos, segundo a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, foram:
- Soja
- Aeronaves civis, motores e peças
- Microchips e micromontagens, incluindo suas peças
- Produtos farmacêuticos, incluindo vacinas
- Petróleo (gás e óleo)
- Automóveis e veículos
Todos serão tributados em 84%. Para alguns itens – como a soja – já vinha sendo cobradas tarifas entre 10% e 15% para entrar no mercado chinês.
Escalada da guerra comercial
Em 2 de abril, Trump anunciou tarifas de importação sobre todos os países, as chamadas tarifas recíprocas, com exceção de México e Canadá, com os quais os EUA têm um acordo comercial de longa data.
A taxa recíproca mínima sobre os produtos importados pelos EUA passou a ser de 10%. Essa tarifa passou a vigorar no sábado passado. O Brasil e a Argentina, por exemplo, estão nesse grupo.
Mas o percentual da taxa sobre muitas nações foi maior e entrou em vigor nesta quarta-feira. No caso da China, a tarifa total a partir de hoje será de 104% (20% que já estavam em vigor desde o início do ano, mais 34% de tarifas recíprocas anunciadas na semana passada e mais 50% de tarifa extra anunciada nesta semana, em retaliação à primeira resposta chinesa ao tarifaço).

O objetivo de Trump com o tarifaço é fazer com que empresas ao redor do mundo abram fábricas nos EUA, gerando emprego e dinamizando a economia nacional. Mas muitos analistas avaliam que a tributação das importações vai elevar o preço dos produtos consumidos nos EUA, já que muitas indústrias têm cadeias de suprimentos globais e precisam de peças compradas no exterior.
Economistas dizem ainda que há risco de recessão para os EUA e desaceleração da economia mundial.
China busca parceiros regionais
Em paralelo, a China busca se aproximar de seus parceiros regionais. O líder chinês Xi Jinping não abordou diretamente as últimas tarifas de Trump, mas pediu que a China construísse um “futuro compartilhado com os países vizinhos”, ao falar nesta quarta-feira em uma conferência de alto nível do Partido Comunista sobre diplomacia periférica.

Também pediu a integração mais profunda do desenvolvimento e o “fortalecimento da cooperação em cadeias industriais e de fornecimento”.
Embora tenha sido provavelmente pré-agendada, a conferência ocorre enquanto a China busca transformar a crise comercial em uma oportunidade, aproveitando a disrupção da ordem global.
A última vez em que a China realizou uma reunião similar, focada nas relações com os países vizinhos, foi em 2013, de acordo com a CNN.
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