A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção do produto interno bruto (PIB) de 2025 de 2,5% para 2,3%. De acordo com os dados, divulgados nesta quinta-feira (13/2), a retração reflete o ciclo contracionista da política monetária.
“A previsão até novembro de 2024 era de crescimento de 2,5%, porém o aumento na taxa de juros básica e o cenário conjuntural externo levaram à expectativa de menor ritmo de expansão da atividade em 2025. O carry-over para 2025 também se reduziu recentemente”, diz o documento, que apresenta uma retrospectiva do cenário econômico do ano passado e as perspectivas para esse ano.
Em coletiva de imprensa, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou a esperada desaceleração do crescimento da economia brasileira. “Essa desaceleração ocorre em grande medida devido aos efeitos defasados da política monetária. Estamos atravessando ciclo de aumento de juros que obviamente tem impacto no ritmo de atividade.”
De acordo com as projeções da pasta, a composição do PIB deste ano deve apresentar uma aceleração no setor agropecuário e uma redução na indústria e em serviços.
“A indústria e setor de serviços devem desacelerar, já temos dados que corroboram essa hipótese”, destacou o secretário, em referência à queda do setor de serviços em dezembro de 2024. “Por outro lado, esperamos uma safra recorde de grãos, com colheita na primeira metade do ano”, completou.
Queda na inflação dos alimentos
Apesar das expectativas de inflação permanecerem distantes da meta ao longo deste ano, a expectativa da Fazenda é de que haja uma desaceleração dos preços dos alimentos, que têm pressionado o consumo das famílias. O documento destacou um arrefecimento no preço das carnes e alimentos in natura, que foram bastante impactados por eventos climáticos extremos no ano passado.
“Os preços de carnes tendem a desacelerar até o final do ano, menos impactados pela reversão no ciclo de abate do gado e pelo avanço das exportações”, apontou. “O cenário também deverá ser mais favorável para o arroz, feijão, alimentos in natura e derivados de soja e leite, refletindo as boas perspectivas para o clima e para a produção agrícola em 2025. Em contrapartida, os preços de trigo e derivados tendem a subir, impactados pela baixa colheita em 2024”, projetou a pasta.
Efeito Trump
A equipe econômica espera que as tarifas de 25% de importação sobre ferro, aço e alumínio nos Estados Unidos devem “exercer impacto limitado nas exportações brasileiras”. A Fazenda enfatizou que as exportações dos produtos ao país norte-americano corresponderam apenas a 1,9% do total exportado pelo Brasil em 2024.
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“As tarifas de 25% sobre importações de produtos de ferro, aço e alumínio devem ter impactos relevantes na indústria de metalurgia, porém limitados no total das exportações e no PIB brasileiro”, projetou a SPE.
Mesmo diante da expectativa de impacto limitado, a pasta afirmou que a adoção de práticas “protecionistas” pelos Estados Unidos traz riscos para o cenário de atividade global resiliente e para o processo de desinflação. “Um aumento muito acentuado do protecionismo nos EUA é o principal risco (para 2025), que pode levar o FED (Federal Reserve — Banco Central americano) a interromper ciclo de redução de juros.”
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