Ampliando sua estratégia de internacionalização, a empresa de alimentos Camil anunciou sua entrada no Paraguai, nesta sexta-feira, com a aquisição da Villa Oliva Rice e da Rice Paraguay, produtoras e beneficiadoras de arroz. O negócio foi feito por meio de investimento da família controladora da Camil e o valor não foi revelado.
Luciano Quartiero, diretor-presidente da Camil, que pertence à família controladora, comprou 100% das ações da Rice Paraguay e 80% das ações da Oliva Rice e se comprometeu a vender para as subsidiárias da Camil (Camil Latam e Saman) os ativos de produção, industrialização, beneficiamento e comercialização de arroz, além das propriedades rurais dessas empresas.
A empresa explicou no comunicado que a compra foi feita diretamente por Luciano Quartiero para cumprir exigências legais existentes no Paraguai em relação a aquisições e utilização de propriedades rurais em áreas fronteiriças. Só desse modo seria possível viabilizar a operação. Até a consumação da venda, que deverá ser aprovada por órgão de concorrência, as companhias continuarão operando de forma independente.
As ações da Camil na B3 recuaram 1,84%, a R$ 9,61, no pregão desta sexta. A companhia destacou que a operação não se enquadra nos parâmetros do artigo 256 da Lei das Sociedades por Ações, e, portanto, não está sujeita à aprovação dos acionistas em assembleia. Mas a compra dos ativos pelas subsidiárias terá que passar pelo Conselho de Administração da empresa.
Quando o arroz é o destaque do prato
Uma seleção de receitas em que o ingrediente se destaca
A Camil Alimentos é uma multinacional brasileira com subsidiárias no Uruguai, Chile e Peru. Nesses mercados, é líder no segmento arroz com suas marcas Saman, no Uruguai; Tucapel, no Chile; e Costeño e Paisana, no Peru.
A estratégia internacional começou em 2007, com aquisição da Saman no Uruguai, líder de mercado e maior exportador de arroz uruguaio. Em 2009, a empresa comprou a Tucapel, no Chile, atualmente a marca líder de vendas no país. Em 2011, adquiriu a Costeño no Peru e, em 2014, a marca Paisana, respectivamente primeira e segunda maiores marcas de arroz empacotado daquele país.
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Em 2011, a companhia iniciou no Brasil uma estratégia de diversificação de suas atividades. Entrou no mercado de pescados enlatados (sardinha e atum) comprando as marcas Coqueiro, Pescador e Alcyon.
Entrou no mercado de açúcar, em 2012, adquirindo as marcas União e Da Barra. O negócio teve a participação do fundo de investimento de private equity da Gávea Investimentos, que tem como sócio o economista e ex-presidente do banco Central, Armínio Fraga.
Em 2016, um fundo de investimento de private equity gerido pela Warburg Pincus comprou a participação societária da Gávea Investimentos na Camil e passou a ter dois assentos no Conselho de Administração.
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A Camil anunciou em 2022 um acordo com a PepsiCo. para a compra da marca Mabel, uma das mais tradicionais de biscoitos e massas no Brasil, iniciando atuação no segmento de biscoitos, massas , roscas e amanteigados. Com o negócio, a Camil também obteve a permissão para usar a marca Toddy em alguns biscoitos no Brasil, onde além de arroz também produz feijão e café.
A companhia foi fundada em 1963, no Rio Grande do Sul, iniciando suas atividades com cultivo de arroz. Na década de 70, expandiu suas atividades para São Paulo e, na década de 80, começou a empacotar e comercializar arroz sob a marca Camil, abrindo o seu primeiro centro de distribuição em São Paulo.
Posição consolidada na região
No balanço mais recente divulgado, a Camil encerrou o primeiro trimestre de 2024 (de março a maio de 2024) com um lucro líquido de R$ 78,5 milhões, um aumento de 28,2% em relação mesmo período do ano passado.
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O analista Gustavo Troyano, do Itaú BBA, em relatório a clientes, afirma que com a entrada no Paraguai a Camil consolida sua presença na região.
“Este movimento está alinhado com a estratégia da Camil de expandir suas operações internacionais de arroz e pode permitir que a empresa libere valor estratégico para apoiar o negócio de arroz no Brasil e no Chile. O acordo ainda aguarda aprovação antitruste, prevista para ocorrer nas próximas semanas”, escreveu o analista em relatório a clientes.