O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse ontem que o premier israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu seu apoio à proposta americana para a obtenção de uma trégua em Gaza e pressionou o Hamas, que não participou das últimas negociações, a concordar. Netanyahu também prometeu, segundo o secretário de Estado, que Israel enviaria uma equipe para as negociações, que serão retomadas esta semana, mediadas por Egito e Catar.
Em sua nona viagem pelo Oriente Médio desde o início do conflito, em outubro, Blinken chegou a Tel Aviv no domingo para pressionar por um acordo entre as partes. A “proposta de ponte”, apresentada por Washington na sexta-feira, foi rejeitada pelo grupo, que exige a implementação do plano original, delineado pelo presidente Joe Biden em maio.
O secretário se encontrou por três horas nesta segunda-feira com Netanyahu, criticado por supostamente protelar um cessar-fogo ao acrescentar novas condições ao acordo.
— O que eu diria ao Hamas e à sua liderança é que, se eles realmente se importam com o povo palestino que pretendem representar de alguma forma, então dirão “sim” a este acordo e trabalharão em entendimentos claros sobre como implementá-lo — destacou Blinken.
Ainda segundo Blinken, o premier também se comprometeu a apoiar iniciativas para vacinar crianças na Faixa de Gaza contra a poliomielite.
— Trabalhamos com o governo israelense. Acho que poderemos propor um plano nas próximas semanas. É urgente. É vital — afirmou Blinken.
Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia apelado para a criação de duas “pausas humanitárias” de sete dias em Gaza para vacinar mais de 640 mil crianças, após a organização detectar o vírus nas águas residuais do enclave e o Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP) anunciar o primeiro caso relatado na região em 25 anos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) planejavam duas campanhas de vacinação na área, que começariam no final de agosto. O poliovírus, disseminado por esgoto e água contaminada, pode causar paralisia, e é potencialmente fatal.
Blinken, que não informou como a vacinação ocorreria, disse ter discutido sobre a situação com o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
— Compartilhamos a preocupação sobre a possibilidade de ressurgimento (da poliomielite) e estamos trabalhando em um plano detalhado para garantir que aqueles que precisarem sejam vacinados — explicou Blinken.
Violência na Cisjordânia
Aproveitando a viagem a Israel, Blinken também disse ter pedido aos líderes israelenses que tomem medidas para coibir a violência dos colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. A violência na região aumentou desde 7 de outubro, ao passo que o conflito também acelerou a criação de assentamentos israelenses em terras ocupadas, considerados ilegais pelo direito internacional.
— Esperamos ver medidas, ações para impedir esse tipo de violência, ações para que as pessoas responsáveis por ela sejam responsabilizadas — declarou o chefe da diplomacia americana.
No mesmo dia em que Blinken desembarcou em Tel Aviv, um segurança israelense, identificado como Gidon Peri, de 38 anos, morreu após ser atacado por um palestino com um martelo na região. Três dias antes, um ataque de colonos contra um vilarejo palestino matou um jovem palestino e deixou uma pessoa gravemente ferida. Na ocasião, pelo menos seis carros e quatro casas também foram incendiadas.