- Ataque em aula de dança no Reino Unido: Jovem de 17 anos é acusado pela morte de três meninas
- Contexto: Em meio a protestos e desinformação, Justiça britânica divulga nome de menor de idade suspeito de matar três crianças
Um mês após assumir o poder, o governo trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer enfrenta a sua primeira crise e tenta convencer o país de que é capaz de conter as ações violentas. O tema é sensível, já que, durante a campanha, conservadores acusaram Starmer de ser brando com questões de segurança e imigração.
— Eu garanto que vocês vão se arrepender de participar dessa desordem. Seja diretamente ou aqueles que estão provocando a ação online e depois fugindo — disse Starmer ontem, em um duro discurso na TV, onde chamou os protesto de “banditismo da extrema direita” e promoveu levar seus organizadores à Justiça.
Questionada sobre a possibilidade de recorrer ao Exército, a ministra encarregada da polícia, Diana Johnson, assegurou que as forças “têm todos os recursos necessários”. O superintendente de polícia Alex Goss classificou o comportamento dos manifestantes como “deplorável”.
Organizadas sob o lema “Enough is enough” (“Basta”), os protestos começaram na sexta-feira. Ontem, no quarto dia de protestos, manifestantes atiraram tijolos, garrafas e sinalizadores nos agentes de segurança — ferindo vários policiais —, enquanto saqueavam e queimavam lojas, gritando insultos anti-islâmicos. Na sexta-feira, mesquitas e uma delegacia foram atacadas; instalações comunitárias em todo o país, incluindo uma biblioteca, foram incendiadas.
— As pessoas estão cansadas de ouvir que deveríamos ter vergonha de sermos brancos e da classe trabalhadora — disse Karina, de 41 anos, à AFP no último sábado.
O país não via uma explosão de violência similar desde 2011, quando o jovem mestiço Mark Duggan foi assassinado pela polícia de Londres. Embora as condenações à violência sejam unânimes, com o passar dos dias, começam a surgir críticas contra o governo. A ex-ministra conservadora do Interior, Priti Patel, disse que o governo “corre o risco de parecer arrastado pelos acontecimentos em vez de manter o controle”.
O estopim para a violência foi um ataque perpetrado por um adolescente britânico, que invadiu uma aula de dança e esfaqueou as crianças que estavam no local, há uma semana. Seu nome não havia sido divulgado por ele ser menor de idade — segundo a legislação local, a polícia só poderia revelar sua identidade depois que ele fizesse 18 anos.
Mas, em meio a falsos rumores sobre a nacionalidade e religião do agressor, um juiz decidiu tomar a decisão, considerada “excepcional”.
Axel Rudakubana, 17 anos, nasceu em Cardiff, e é filho de ruandeses. Na última sexta-feira, Rudakubana esfaqueou 11 crianças em Southport, a cerca de 30 km de Liverpool. Três delas morreram: Bebe King, de 6 anos, Elsie Dot Stancombe, de 7, e Alice da Silva Aguiar, de 9. Dois adultos, atacados enquanto “tentavam proteger as crianças” e mais cinco crianças ainda estão hospitalizados em estado grave.