A plataforma X deixou de exibir um alerta de usuários sobre uso de Inteligência Artifical em um vídeo postado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que traria um suposto encontro, com direito a abraço afetuoso, entre o assessor especial da presidência da República, Celso Amorim, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O parlamentar publicou o conteúdo no início da madrugada desta quinta-feira e, pouco depois, uma nota de comunidade passou a ser associada a ele, avisando acerca do conteúdo falso.
A própria Secretaria de Comunicação (Secom), ao desmentir o conteúdo, havia frisado a presença do alerta na postagem. “O próprio “X” (anteriormente conhecido como Twitter) sinalizou que o conteúdo foi gerado por Inteligência Artificial”, pontuou a pasta. “A peça em questão mistura cortes de um encontro ocorrido no ano passado entre Amorim e Maduro como se fosse de agora juntamente com imagens geradas por inteligência artificial, criando uma narrativa completamente falsa e distorcida”, acrescentou.
“Amorim, que esteve recentemente na Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais, explicou que cumprimentou Maduro como se cumprimenta seguindo o tratamento protocolar previsto para um chefe de Estado e que esta foi a única agenda envolvendo o presidente venezuelano”, diz outro trecho da nota publicada pela Secom.
O GLOBO submeteu o vídeo à ferramenta Deepware para verificar sua veracidade. O programa apontou que o conteúdo é 60% falso, em vista do trecho manipulado por IA estar misturado com as imagens reais.
Alguns ponto do vídeo evidenciam ainda mais o uso da Inteligência Artificial. Por exemplo, quando há o abraço mais próximo entre os dois, a barba de Amorim “afunda” no ombro de Maduro. Além disso, a frase e as estrelas da bandeira do Brasil ao fundo ficam totalmente distorcidas.
O próprio Amorim também desmentiu o vídeo à coluna de Bela Megale, no GLOBO, e afirmou que as imagens são totalmente manipuladas.
— Esse vídeo é totalmente manipulado e falso. Nunca houve esse abraço de amores e afetos entre mim e o presidente Maduro. Inclusive há um corte no vídeo. Provavelmente houve uso de Inteligência Artificial. Estou estudando com meus assessores quais medidas são cabíveis — declarou Amorim.
Apesar de todas as evidências, às 18h desta sexta-feira o X já não exibia mais qualquer alerta acerca da falsidade da informação divulgada por Eduardo Bolsonaro. “E ainda tem gente, que se diz jornalista, que vai perguntar pra Celso Amorim se a eleição na Venezuela foi válida ou fraudada”, escreveu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro junto do vídeo produzido com uso de IA.
O selo havia sido inserido por meio do sistema colaborativo de verificação de informações da rede social de Elon Musk, o Notas da Comunidade, recurso que permite que um conjunto de usuários comuns, previamente cadastrados e aprovados pela rede, possa inserir e avaliar textos em postagens de terceiros com o objetivo de “contextualizar” conteúdos. O modelo substituiu a moderação de conteúdo feita pela própria plataforma, sob comando de Musk.
As notas são exibidas quando avaliadas como úteis por um número suficiente de usuários. O fato de ela ter saído do ar pode indicar nos bastidores uma disputa de votações.