O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo que “atentados são contra pessoas do bem e conservadores” ao comentar sobre os tiros disparados contra o candidato a presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Bolsonaro responde que “somente” esses grupos sofreriam situações parecidas ao ser questionada por jornalistas sobre ataque contra seu aliado internacional.
“Ele foi salvo, a meu entender, como eu fui. Os médicos dizem que foi milagre eu ter sobrevivido em 2018 tendo em vista a gravidade dos ferimentos. E ele foi salvo por questão de poucos centímetros. Isso, a meu entender, é algo que vem de cima”, completou ao relacionar o episódio da facada durante sua primeira campanha presidencial ao atentado contra Trump.
O comentário feito pelo ex-presidente não leva em conta ataques como os sofridos pela vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio em 2018, e pela ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner pelo brasileiro Fernando Sabag Montiel, que está sendo julgado pela tentativa de homicídio.
Reação de aliados de Bolsonaro
A comparação entre os dois acontecimentos tem se repetido também entre outras figuras ligadas a bolsonarismo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, publicou nas redes o momento em que barulhos de tiros são ouvidos no comício de Trump, que leva as mãos ao rosto e se abaixa. Flávio associou o episódio a adversários que estão “sempre tentando resolver as coisas na bala ou na faca”. “Alguma semelhança?”, questionou o senador.
O responsável pela segurança de Bolsonaro durante a campanha de 2018, após o atentado em Juiz Fora, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) publicou em suas redes sociais uma colagem com fotos dos ex-presidentes brasileiro e americano após os respectivos ataques.
Um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan, pré-candidato a vereador em Balneário Camboriú (SC) pelo PL, compartilhou a mesma imagem e foi mais explícito na comparação: “E a História se repete! Se não podem vencer, tentam matar. Trump irá voltar”, ele escreveu.
O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) também associou os tiros no comício de Trump ao atentado sofrido pelo pai na campanha de 2018, e ironizou detratores que associaram a facada de 2018 à ação de “um lobo solitário” ou a um “ato forjado”.
Outros aliados de Bolsonaro no Congresso Nacional, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), usaram frases similares para descrever o ataque no comício de Trump, sempre com alusões ao episódio ocorrido no Brasil.
Por meio das redes sociais, Bolsonaro também já havia demostrado solidariedade a Trump ao dizer que verá o colega “na posse” — antevendo uma vitória trumpista na eleição presidencial dos Estados Unidos neste ano.
Ao ser questionado sobre o desfecho da investigações conduzidas pela Polícia Federal que o envolvem, Bolsonaro fez críticas a cobertura dos casos ao afirmar que a imprensa “prega contra a direita e os conservadores”. Ele também comparou o seu governo ao atual e disse, ao deixar a presidência, “as portas do inferno se abriram para o país”.
“Economicamente, como está o Brasil? Uma porcaria, né? Como é que está a questão de costumes? Comigo não se falava sobre Marco Temporal, liberação de maconha, liberação de aborto, propriedade privada. Nada disso. Foi só eu sair de lá”, disse.