O presidente da França, Emmanuel Macron, rejeitou o pedido apresentado pelo primeiro-ministro Gabriel Attal para deixar o cargo após a coalizão governista perder a maioria na Assembleia Nacional e ficar na segunda colocação entre os grupos mais votados na eleição de domingo. Macron pediu que Attal permaneça no cargo para “garantir a estabilidade” enquanto as negociações políticas definem um novo chefe de governo para o país.
Embora a estratégia de conter o avanço da extrema direita tenha funcionado, as eleições de domingo também resultaram em um Legislativo extremamente fragmentado, com três grupos — de direita, esquerda e centro — com representações relevantes, mas sem maioria absoluta, que permita a formação de um governo de maioria.
A Nova Frente Popular, que reuniu siglas da centro-esquerda à extrema esquerda, acabou com 182 cadeiras no Parlamento, seguida pela coalizão Juntos, das forças centristas ligadas a Macron, com 168, e pelo Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, que chegaram a 143 deputados eleitos. Para garantir maioria, qualquer das coalizões precisaria de ao menos 289 cadeiras.
Após a apresentação dos resultados, no domingo, Attal, um protegido de Macron que se tornou o primeiro-ministro mais jovem da História do país, ao ser indicado ao cargo em janeiro, anunciou que entregaria o cargo nesta segunda-feira.
“Esta noite, o partido político que representei nesta campanha não tem maioria. Fiel à tradição republicana e de acordo com os meus princípios, apresentarei amanhã de manhã a minha demissão ao Presidente da República”, disse Attal em um discurso na noite de domingo.
Porém, de acordo com um comunicado divulgado pela Presidência francesa na manhã desta segunda, o presidente rejeitou o pedido do premier, solicitando que ele permanecesse no cargo “por enquanto”, para “garantir a estabilidade do país”. Macron também agradeceu Attal por liderar a campanha de centro nas eleições.
O risco para a estabilidade neste momento mostra a preocupação de Macron com o Legislativo fragmentado às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris, que colocarão a França nos holofotes do mundo.
Macron já anunciou que vai esperar para ver como ficará estruturada a Assembleia Nacional, que iniciará a legislatura em 18 de julho, para decidir quem nomeará como primeiro-ministro, segundo a Presidência. Attal, por sua vez, já havia antecipado estar disposto a continuar “enquanto o dever exigir”.
Representantes do Juntos e da Nova Frente Popular devem iniciar tratativas ao longo da semana para decidir quem poderia ser um nome a atrair consenso, embora a ala macronista tenha um bloqueio ao líder da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon. (Com AFP)