“Praticamente 98% de quem busca o aborto tem ele autorizado pelo comitê. Os outros 2% são os que não entram nessas exceções, como a mulher que é casada, tem mais de 18 anos e engravidou. Esses casos são mais complicados (…) e há mulheres que reclamam que essas exceções não são suficientes”, ressalta a correspondente.
Mesmo com a permissão para grande parte dos casos, existem no país clínicas privadas que realizam o aborto sem autorização legal. “E isso é realmente proibido”, aponta Kresch em artigo publicado no site do Instituto Brasil Israel. “Mas, caso essas clínicas sejam encontradas pelas autoridades, as mulheres não são presas ou julgadas. O crime recai sobre o médico, que pode ir para a cadeia por cinco anos”, segue o texto.
Em geral, quem procura essas clínicas são mulheres que têm medo ou vergonha de se apresentar aos comitês de autorização. Algumas vezes, mulheres casadas com menos de 40 anos simplesmente não querem ter um bebê, mesmo que ele não tenha sido concebido de acordo com as exceções à lei. Trecho de artigo assinado por Daniela Kresch ao IBI.
‘Acordo tácito’
Segundo Kresch, a questão do aborto em Israel segue uma espécie de “acordo tácito” (não oficial) entre judeus ortodoxos, mais conservadores, e os seculares — que são maioria no país e se identificam como judeus, mas com pouca ou nenhuma atenção aos aspectos religiosos do judaísmo.
Há uma espécie de respeito mútuo e um acordo tácito de entender que, pela lei, é ilegal, e isso agrada os mais religiosos, mas, na prática, se você realmente quer, você vai conseguir. Então, na verdade, esse modelo meio que agrada a todos, (…) é uma maneira que os israelenses usam para acomodar esses dois tipos de público. Daniela Kresch