Fim de contrato e dependência financeira
Universa apurou que Paolla trabalhou registrada na igreja evangélica Bola de Neve até o dia 7 de junho de 2024, quando entrou na Justiça com um pedido de rescisão indireta. A rescisão indireta se assemelha à demissão por justa causa, mas, no lugar do empregado, é o empregador quem comete a falta grave que impede a continuidade da relação de emprego.
Questionada sobre o motivo de ter continuado como funcionária da igreja, Paolla fala em dependência financeira.
“Pela segunda vez, eu tinha perdido toda a minha família. Pela segunda vez, eu estava sozinha de novo na vida. Então, lógico, morro de medo de passar fome, de não conseguir pagar a conta.”
A advogada Jane Louise, que representa Paolla, defende que sua cliente passou por abuso religioso, moral e sexual. “Os processos correm em segredo de Justiça, mas, no caso dela, além de abuso moral e sexual, tem diversos direitos trabalhista não cumpridos.”
Viviane Costa, teóloga, pastora e mestre em ciências da religião, explica que é comum que os líderes religiosos desempenhem o papel de representantes do divino e criem uma relação de confiança e autoridade com os fiéis. Mas, em casos de abuso religioso, “a relação que deveria ser de serviço à igreja, passa a ser de se servir dela, tanto individualmente como coletivamente”.