Clubes de futebol sul-mato-grossense eram obrigados a repassar 20% à diretoria da federação de futebol de MS quando havia intermediação de patrocínio. A revelação foi feita por Jamiro Rodrigues de Oliveira, ex-dirigente de clube e agora réu em ação penal derivada da Operação Cartão Vermelho.
Em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), “Miro”, que já foi presidente do Misto, de Três Lagoas, afirmou que 20% dos valores obtidos de patrocinadores intermediados pela Federação tinha de ser “devolvidos”.
Durante o interrogatório, ele explicou que, quando um clube recebia um patrocínio intermediado pela FFMS, era obrigado a negociar uma porcentagem para os membros da suposta organização criminosa. O pagamento ainda era feito por meio de dinheiro em espécie. Nem mesmo times pequenos escapavam da cobrança.
“Quando consegue algum patrocínio para o clube, a pessoa que consegue o patrocínio recebe uma porcentagem do valor. (…) A média geral [do valor recebido] é de 20%, muitas vezes o clube é pequeno, o patrocínio é pequeno, aí os caras chegam num acordo aí 10%, 15%, depende do acordo que for feito clube e patrocinador (…) a maioria é em dinheiro vivo, quando o dinheiro entra na conta do clube o clube saca o dinheiro e passa em dinheiro”, contou na segunda parte do interrogatório.
Cartão Vermelho – Este é mais um dentre os tantos outros detalhes de esquema que perdurou por décadas com a FFMS, segundo o Gaeco. Investigação do Gaeco mostra como o dinheiro público deixava os cofres da entidade sem ser investido no futebol sul-mato-grossense – através de “bem bolado” com hotéis e restaurantes, fazendo pagamentos com a conta da federação, pulverizando recursos por meio de depósitos para familiares do “dono da bola” ou por inúmeros saques de menos de R$ 5 mil, para não alerta os órgãos de controle.
Para os promotores Gerson Eduardo de Araújo, Tiago Di Giulio Freire, Moisés Casarotto e Antenor Ferreira de Rezende Neto, que assinam a peça, “o prejuízo causado à Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul é muito maior que o inicialmente apontado, ultrapassando com facilidade os R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)”.