O governo de Israel anunciou neste sábado o fechamento do espaço aéreo do norte do país, perto da fronteira com o Líbano, em um momento em que a troca de hostilidades entre as Forças Armadas do país e o movimento libanês Hezbollah continua a se intensificar. Novos ataques foram lançados de cada lado da fronteira — somente neste sábado, o grupo xiita disparou ao menos 90 foguetes contra Israel até o fim da tarde, enquanto os israelenses confirmaram ter bombardeado “milhares” de plataformas de lançamento de foguetes — mantendo a tensão elevada. Novas restrições foram impostas a cidadãos israelenses pela previsão de novos ataques.
- Guerra no norte: Hezbollah anuncia que um segundo comandante foi morto no bombardeio israelense perto de Beirute
- Em meio à tensão no Oriente Médio: Irã revela novos mísseis e drones em desfile militar
As autoridades israelenses informaram que por motivos de segurança o espaço aéreo seria fechado a partir da cidade de Hadera — localizada entre Tel Aviv e Haifa — até o extremo norte, onde o conflito é aberto. A medida não deve afetar os voos internacionais, segundo as mesmas autoridades. O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, anunciou que de Haifa para o norte, atividades educacionais poderão ocorrer apenas perto de abrigos, e que reuniões devem ser limitadas a 300 pessoas em ambientes fechados e 30 pessoas ao ar livre. Praias do Mar da Galileia também foram fechadas ao público.
Os céus do norte Israel e sul do Líbano se transformaram no principal campo de batalha nesta altura do conflito, que se espalha de Gaza pela região. O Exército israelense anunciou novos bombardeios contra posições do Hezbollah neste sábado — dezenas de jatos estavam em operação durante a noite — um dia após um ataque contra um reduto do grupo em Beirute matar o comandante da unidade de elite Radwan.
“O Exército israelense está atualmente bombardeando posições pertencentes à organização terrorista Hezbollah no Líbano”, afirmou o Exército em um comunicado, no qual afirmou que pelo menos 16 membros do Hezbollah morreram no ataque do dia anterior.
Em um comunicado posterior, as FDI indicaram que bombardearam “milhares de plataformas” usadas pelo Hezbollah para bombardear o território israelense. De acordo com as autoridades militares, as plataformas estavam “prontas para serem utilizadas de forma imediata”. Cento e oitenta objetivos não especificados também teriam sido atingidos.
O movimento libanês, que respondeu na própria sexta-feira com o disparo de cerca de 200 foguetes contra diferentes partes do território israelense, voltou a bombardear o norte do Estado judeu neste sábado. Sirenes de alerta foram ouvidas nas regiões da Alta Galileia e na Galileia Ocidental, em Israel, e autoridades militares confirmaram que combatiam focos de incêndio após os projéteis atingirem alvos, incluindo um prédio na cidade de Safed. Não há informações sobre vítimas.
Em duas declarações separadas, o Hezbollah afirmou que os seus combatentes tinham “disparado uma rajada de foguetes Katyusha [de fabricação soviética]” contra dois locais militares no norte de Israel, em “resposta aos ataques inimigos” no sul do Líbano.
O ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, afirmou que 70 pessoas morreram no país desde terça-feira, quando um ataque atribuído a Israel — que não se pronunciou sobre o caso — explodiu milhares de pagers e walkie-talkies utilizados para comunicações do Hezbollah. Em um pronunciamento neste sábado, Abiad detalhou que duas pessoas que ficaram feridas nas detonações morreram pelos ferimentos e que apenas no bombardeio a Beirute na sexta foram 37 mortos e 68 feridos. Também há um número de 23 civis feridos, incluindo mulheres e crianças.
O jornal libanês L’Orient noticiou que os ataques sucessivos neste sábado atingiram diversas áreas no sul do país, incluindo nos distritos de Jezzine, Saida e Nabatieh, citando uma fonte de segurança e testemunhas ouvidas nos locais.
O Departamento de Estado americano pediu neste sábado que os cidadãos do país deixem o Líbano enquanto os voos comerciais estão disponíveis, em meio ao agravamento do conflito.
“Devido à natureza imprevisível do conflito e às explosões recentes em todo o Líbano, incluindo Beirute, a embaixada dos Estados Unidos pede que os cidadãos americanos deixem o país enquanto as opções comerciais estão disponíveis”, solicitou o Departamento de Estado.
Israel ataca reduto do Hezbollah na capital do Líbano
Embora o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, tenha anunciado na quarta-feira que as Forças Armadas estavam mudando seu foco para o norte, na fronteira com o Líbano, o teatro de operações em Gaza continua ativo, com um novo bombardeio israelense atingindo uma escola em Gaza, onde se abrigavam deslocados palestinos pelo conflito.
A Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, afirmou que pelo menos 19 pessoas morreram, incluindo 13 crianças e seis mulheres, uma delas grávida. Outras 30 pessoas teriam ficado feridas na escola al-Zaytun C, na cidade de Gaza.
Militares israelenses disseram que o ataque aéreo mirava combatentes do Hamas. Em um comunicado, as Forças Armadas disseram ter “realizado um bombardeio direcionado” contra “um centro de comando e controle do Hamas na Cidade de Gaza”, especificando que a estrutura para fins militares estaria dentro da Escola al-Falah, adjacente à Escola al-Zaytun. A nota afirma que foram tomadas “medidas para mitigar o risco de ferir civis”. (Com AFP)