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A Embraer ficou entre as maiores quedas do Ibovespa nesta segunda-feira, com as ações caindo 5,3% e sendo negociadas a R$ 49,18 depois do anúncio do acordo. Os papeis também foram prejudicados pela queda do dólar, tendo boa parte de suas receitas concentrada na exportação.
— É preciso lembrar que a Embraer ficaria com 20% da joint venture, enquanto a Boeing teria 80%. E a companhia também alegou que a Embraer não cumpriu determinadas condições. Então, nesse acordo, a Embraer receber esse valor para compensar o que foi gasto para se preparar para o negócio parece justo e correto — afirma Felipe Bonsenso, advogado especializado em direito aeronáutico.
Gustavo Mizrahi, sócio do escritório Vieites Mizrahi Rei Advogados, também concorda que a decisão favorece a Embraer e foi uma decisão tomada de comum acordo entre as fabricantes.
— A celebração de um acordo dessa magnitude envolve diversos fatores a serem considerados pelas partes. É possível que as empresas tenham optado pelo acordo para possibilitar a manutenção da relação comercial mantida — avalia o advogado.
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Gabriel Zugman, sócio do Domingues Advogados, lembra que a Embraer iniciou uma arbitragem contra a Boeing visando obtenção de indenização.
— Mas é normal tanto em processos arbitrais quanto judiciais que sejam iniciadas conversações entre as partes, durante o processo, buscando um um acordo — explica.
Com o pagamento à Embraer por meio de acordo com a Boeing encerra-se o processo de arbitragem entre as duas empresas. A joint venture entre as duas companhias estava avaliada em US$ 5,2 bilhões.
Analistas esperavam valor maior
Segundo analistas, o mercado esperava um valor mais alto de indenização. Analistas do Itaú BBA, em relatório a clientes, destacaram que estimavam a indenização entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões.
— O mercado esperava o dobro do que foi anunciado — explica Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, após afirmar que a decisão pesa sobre os papéis da empresa.
Já o BTG Pactual cita que o acordo veio abaixo do esperado, mas é melhor do que nada’. Eles lembraram que o fato de a arbitragem ter sido conduzida em sigilo fez com que o mercado ficasse sem informações sobre o potencial a ser reembolsado – o que causou essa descorrelação entre o valor pago e as projeções.
Os analistas do Bradesco BBI avaliaram que o pagamento ficou abaixo dos US$ 300 milhões esperados. Segundo o Bradesco, o valor líquido a ser recebido pela Embraer, após desconto de impostos, será de US$ 85 milhões.
Apesar da decepção com o acordo, os analistas mantém otimismo com as ações da Embraer já que a demanda por aeronaves da empresa segue aquecida. Em relatório, o Itaú BBA reforçou alguns pontos positivos sobre a companhia, como novos pedidos e um ambiente competitivo mais favorável, com Airbus e a própria Boeing enfrentando desafios com entregas.
A Embraer informou o valor do acordo com a Boeing através de um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza o mercado financeiro. O documento é assinado por Antonio Carlos Garcia, vice-presidente executivo financeiro e relações com investidores da Embraer.
A ação contra a Boeing foi movida pela Embraer em abril de 2020. A companhia alegou que só em 2019 investiu R$ 485 milhões para preparar sua área de aviação comercial para o negócio, que acabou sendo cancelado.
A Boeing também vem lidando com uma greve de funcionários que teve início na última sexta-feira.