A pré-candidata do PSB em São Paulo, deputada federal Tabata Amaral, decidiu mudar a estratégia para pressionar o PSDB a manter o acordo firmado no início do ano para que o partido faça parte de sua coligação e indique o vice da chapa. A sigla da deputada agora condiciona o apoio ao PSDB nas disputas em Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Vitória (ES) ao cumprimento do que havia sido combinado em São Paulo.
Tabata esperava contar com José Luiz Datena como vice e foi uma das intermediadoras da filiação do apresentador ao PSDB — a deputada, inclusive, participou da cerimônia, em abril. Mas, no ninho tucano, Datena foi convencido a lançar sua própria pré-candidatura e assegurou que não repetiria as desistências de outras eleições (foram quatro até agora). No entorno de Tabata, porém, há pouca esperança de que Datena de fato tenha seu nome testado nas urnas.
A deputada se sente traída pelos tucanos e agora diz que o prazo para que a legenda defina de que lado estará na eleição paulistana é a data da convenção do PSB, no dia 27 deste mês. As legendas podem realizar suas convenções até 5 de agosto, quando além de definir suas candidaturas, terão também que deliberar sobre coligações. O PSDB ainda não marcou uma data para sua convenção.
Apesar da ameaça de retirar o apoio do PSB ao deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) em Campo Grande, ao ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas em Vitória, e ao ex-senador Dario Berger em Florianópolis, o diálogo entre as partes não foi rompido.
Tabata analisa nomes alternativos ao de Datena caso o apresentador de fato deixe a disputa. São cogitados os tucanos Mário Covas Neto (tio do ex-prefeito Bruno Covas), do ex-senador José Aníbal, e do ex-deputado Ricardo Trípoli.
Caso seja obrigada a disputar a eleição com uma chapa puro-sangue do PSB — hipótese que não é a preferida de Tabata — as alternativas vislumbradas no momento passam pelas ex-primeiras-damas de São Paulo Lu Alckmin e Ana Lúcia França, chegando aos pré-candidatos a vereadores Floriano Pesaro e Renata Falzoni. Ser vice de alguém é uma alternativa descartada pela deputada federal.
Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Datafolha, Datena tem 11% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com Tabata, que tem 7%. O apresentador está em férias de seu programa na TV Bandeirantes e não poderá retornar ao ar caso queira manter sua candidatura.
Também de olho no apoio do PSDB, a equipe do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) é outra que não abriu mão da possibilidade de ter o partido em sua coligação. Os tucanos venceram as duas últimas eleições municipais em São Paulo, com Bruno Covas (2020) e João Dória (2016), mas se desmantelou e hoje não tem sequer representantes na Câmara Municipal.
Outra legenda em disputa nessa reta final de definições das alianças partidárias é o União Brasil. O principal cacique da sigla na cidade, o presidente da Câmara Milton Leite, disse nesta sexta-feira que, apesar do compromisso de apoiar Nunes, a sigla não descarta ainda a possibilidade de compor com Pablo Marçal (PRTB), Datena, Tabata ou até mesmo Guilherme Boulos (PSOL). Na campanha de Tabata, porém, a declaração é lida mais como uma forma de pressionar o atual prefeito do que como um aceno em busca de aproximação.