Um dia após o Senado ser palco de uma audiência dominada por conservadores e defensores do projeto de lei antiaborto em caso de estupro, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez um discurso afirmando que o que propõe o texto é uma “irracionalidade”
— Quando se discute a possibilidade de equiparar o aborto em qualquer momento ao crime de homicídio que é definido pela lei penal como matar alguém, é uma irracionalidade. Isso não tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade — disse Pacheco.
— Evidente que uma mulher estuprada, que uma menina estuprada, ela tem o direito de não conceberem aquela criança. Essa é a lógica penal respeitável do entendimento religioso, claro — disse ainda.
Pacheco demonstrou irritação com o debate realizado na manhã desta segunda-feira no plenário da Casa, a pedido do senador Eduardo Girão (Novo-CE). Pacheco não gostou de o debate ter ignorado especialistas contrários ao projeto antiaborto por estupro na sessão e o uso de dramatização para discutir o tema.
Além da falta de pluralidade, irritou particularmente o senador o uso de dramatização para discutir o tema, que, para ele, deve levar em conta todas as correntes, critérios técnicos, científicos, a própria legislação vigente e, sobretudo, as mulheres senadoras.
A sessão para debater a assistolia fetal, o aborto que já é previsto em lei, realizada nesta segunda-feira no Senado Federal ficou marcada pela defesa do projeto que equipara o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio e pela predominância de especialistas contra o procedimento.